ÜBERDRUSS
junho 30, 2010
DO MEU CADERNO DE EMBAÇAMENTOS...
BOLÃNO
O Quixote, de Cervantes.
Moby Dick, de Melville.
A Obra Completa, de Borges.
O Jogo da Amarelinha, de Cortázar.
A Confederacy of Dunces, de Kennedy Toole.
Nadja, de Breton.
As cartas de Jacques Vaché.
Todo Ubú, de Jarry.
A vida, instruções de uso, de Perec.
O Castelo e O Processo, de Kafka.
Os aforismos de Lichtenberg.
O Tractatus, de Wittgenstein.
A invenção de Morel, de Bioy Casares.
Satiricón, de Petronio.
A Historia de Roma, de Tito Livio.
Os Pensamentos, de Pascal.
* Desta lista só li dois. E não lembro de nada.
URGÊNCIA
* em 17.2. para o blog http://www.subtextodocio.blogspot.com/
junho 27, 2010
QUASE PESADELO
Dias desses levei minha mãe até a Polícia Federal, em Santa Cruz. Foi buscar o passaporte.
Sentada na frente da funcionária, ela precisava só comprovar a identificação para retirar o documento. Andréia solicitou a minha mãe que pressionasse o dedo na tela. Fez. Imediatamente o computador acusou “falsidade digital”.
Ficamos surpresas. Nova tentativa, mesmo resultado. Sorrimos e ela experimentou o “seu-vizinho”. A maquina alertou novamente: falsidade digital.
Olhei dissimulada para minha mãe, maquiada e arrumada e com aquele jeito idôneo dela. Tenta o outro, coisa estranha - falei. Ela besuntou o dedo “pai de todos” com uma cera cor de rosa e levou o dedo novamente ao sensor que agora já parecia incriminar: falsidade digital.
Comecei a suar:
- Mas, tenho certeza de que é a minha mãe, viu moça?
Andréia, muito gentil, riu concordando:
- Vamos tentar o dedo indicador.
Falsid... piscou de imediato o monstro tecnológico.
Olhamos uma para a outra, suspiramos e percebi que Andréia encarou minha mãe de um modo diferente:
- O dedão, por favor.
Olhei para a tela sentindo o estômago embrulhado.
- Falsidade...
- ... digital?
- É.
Então comecei a reparar melhor naquela que se dizia minha mãe.
Sim, talvez não fosse ela. Uma sósia? Uma impostora? Por que não? Nós não moramos juntas há muito tempo e fazia dois dias que a gente não se via. Dois dias!
Observei os cabelos, cor e corte meio diferente. E o casaquinho de lã tweed? Minha mãe não usava casaquinho de tweed desde a morte da Jaqueline Onassis.
- Dona Ada, por favor, vamos tentar o mindinho da mão direita.
Suspirei aliviada. Enigma decifrado: a mãe nunca foi esquerdista. Nem mesmo quando a mãe dela, minha vó, exibia a vassourinha dourada do ptb do Jânio no peito. Por isso aquele diagnóstico de falsidade ideológica, ops, estou confundindo tudo: digital.
Novamente a meleca no dedo, Andréia paciente, minha mãe mais pálida do que o normal, eu desconfiada, o guarda se aproximando, o outro rapaz espiando por cima do computador, o ar pesado, o suor embaixo dos braços em pleno outono:
- Falsidade digital.
- Não é possível... – gemi e minha mãe arregalou os olhos.
Será que desde Lajeado eu tinha viajado com uma farsante que se passava por minha genitora? E se fosse a mãe de outro? E pior, uma terrorista?
Minha talvez-mãe parecia controlada, isso depois de lambuzar todos os dedos das duas mãos no sensor da máquina da polícia federal e revelar a sentença: falsidade digital.
Ela pediu licença para ir a toallete e eu conferi o guarda que conferia o teto e mascava um chiclete. As medidas de segurança são rigorosas na hora de entregar um passaporte.
Resumindo: quando eu já procurava o cartão do dr. Giuvan Azambuja e quase histérica segurava minha mãe pelo braço para me certificar que ela era ela mesmo, tudo por causa de uma droga de sensor, Andréia, calmamente explicou:
- Sabe o que acontece d. Ada, é que as digitais gastam com o tempo. Até produto de limpeza pode alterar as impressões nos dedos. A senhora trouxe o passaporte antigo?
Tranquei a respiração.
Sim, trouxe, Andréia conferiu, falou outras coisas que agora não lembro devido ao meu quase colapso, tudo certo, desculpe aqui e lá, a gente se despediu e nós voltamos para o carro.
A viagem de regresso toda em silêncio.
Minha mãe conferindo dedo por dedo. Eu suspeitando se realmente ela não fosse ela.
Mas... E se eu não fosse quem dizia que era?
* Minha crônica A Hora, Opinião...
BUKOWSKI
Leonor Waitlin e banda Marlang, namorada do Jorge Drexler
NÃO TENTE”
bem, aqui estou eu de novo
ouvindo as boas e velhas
músicas
de novo,
sentindo tristeza,
a boa tristeza à moda antiga
em que as lágrimas
não chegam a sair. bom. ouço mais um pouco.
a mente pode consumir quantidades mágicas de
memória
enquanto a noite se
desdobra
noite adentro,
enquanto outro charuto
é acesso,
como se pode ficar
terrivelmente amuado
quando velhas músicas seguem-se uma às outras,
rostos são lembrados,
rostos jovens, como fatias novas de uma maçã,
estão mortos agora,
quase todos
eles mortos
agora.
a aparente beleza e a aparente bravura,
se foram.
sentado aqui permitindo que meus melhores sentidos sejam diluídos pela melancolia,
um homem velho, lembrando de novo,
olhando de cima a baixo o bar imaginário
cheio de assentos vazios,
pensando naquela criança com os loucos
olhos vermelhos que sentava lá
enchendo o copo e enchendo e enchendo e enchendo de novo
ao ponto da imbecilidade,
agora lembrando,ouvindo
de novo,
permitindo a idiotice entrar de novo,
somos todos idiotas
para sempre
idiotizados
para sempre.
alegremente.
agora.
junho 20, 2010
SCHOPENHAUER
“Der schwere Panzer wird zum Flügelkleide,
Kurz ist der schmerz,
Und ewig, ist die freude.”
junho 19, 2010
MEIO CALENDÁRIO...
Sopro balões. Cada balão cinco sopros.
Depois de 15 balões cheios – 75 sopros – fico tonta.
Sopro tanto que escapa todo o vento da minha cabeça e deixo de ser cabeça-de-vento, como dizia minha vó que o Senhor a aguarde e a tenha fora desse mundo-purgatório.
Meu pai foi quem ensinou a dar nó em balão. Reconheço que não é para todos. Precisa quase de um cursinho no Senac.
Saio pela casa atrás de cordão para amarrar os fofos e encontro um novelo cheio de nó. Tema de casa: não perca tempo desatando os nós da sua vida.
Corte. Recomece na outra ponta. Ou melhor: enterre o nó e faça um pedido.
Não tente compreender porque os nós aconteceram. Simplesmente pense que sem nós a vida seria muito sem graça... Seria uma vida horizontal. Um tédio.
Faço uma pausa na missão de encher balões e me detenho na pitangueira: um casal vaidoso de Saíra sete cores, uma mãe Sabiá com seu filhote, um tímido Sanhaço azulzinho, um Tico-tico metido a besta, duas Pombinhas rolas, um Bem-te-vi arisco. De noite, um gaviãozinho esperto sobrevoa a área. No telhado, dois gatos dissimulados rondam a copa da árvore e jogo um jabuticaba graúda espantando o bichano. Mas ele não se comove na minha defesa da passarinhada.
Se juntas duas árvores atraem tantas espécies de passarinhos, o que não atrairá um quintal de verdade? Um parque? Uma reserva?
Sem falar nas borboletas e nos beija-flores.
Esses devaneios foram registrados no início do ano.
Agora chegamos em Junho e espio o calendário:
um ano escancaradamente pela metade.
Até dia de 10 do próximo mês vamos respirar verde-amarelo. Ou não.
Taquicardia à parte, penso em reunir meu povo e preparar um bacião de pipocas com melado. Quer coisa melhor do que torcer em família? E a bandeira? Dipindurou?
A gente sabia que em 2010 viveríamos a neura euforia da Copa que logo adiante emendaria na angústia das eleições e toda aquela depravação política em horário nobre. Daí mais um pouco, ó... É Natal. Férias. Carnaval. Volta às aulas. Coe.... Páááááára!
Quem foi que ligou os meses na tomada?
* Minha crônica semanal nos jornais A Hora, Opinião e site Região dos Vales.
junho 14, 2010
MANABU YAMANAKA
A ESTRANGEIRA
A Outra era dona Antoninha – vamos dizer assim – que marchava entre as evoluções dos músicos, indiferente ao nosso espanto irônico e seduzida pelas vibrações dos tambores e reverberações dos metais, acompanhava tudo, alienadamente feliz.
Ou muito pelo contrário: inserida num todo se mostrava absurdamente feliz.
Posso imaginar a sensação dela.
Não deve ser muito diferente de alguém que no meio de uma bateria de escola de samba – alienada ou absurdamente feliz – acompanha no pé e com o corpo a batida forte dos surdos e tamborins. Tudo vibra e o som parece implodir o peito como se nossa carcaça fosse pele de um repique, de uma caixa de guerra ou qualquer outro instrumento da bateria. Tudo ressoa na maior harmonia.
Mas, naquela manhã ensolarada no Parque dos Dick, entre os fuzileiros, dona Antoninha era uma Outra, a estranha. Não confundir com a outra do mundo literário de Nelson Rodrigues, não falo da amante. Te liga aí.
Para a Filosofia existe o conceito de Estrangeiro, visto por uns como revitalizante social. Menos aqui na região, claro.
Então, assistindo dona Antoninha, autêntica e sensível, no meio da “maior banda do mundo”, distingui a Estrangeira: aquela que não segue os padrões esperados pela sociedade e sujeito as normas de interação.
Dona Antoninha, como outros conhecidos nossos, destoa, incomoda, constrange e por isso alguém da prefeitura ou de alguma entidade cortou o barato dela subtraindo-a do prazeroso envolvimento musical.
Na verdade, a presença do Estrangeiro – ligado? versão feminina: dona Antoninha – incomoda porque não sabemos de suas reações. Não temos acesso ao seu mundo interno e distante. A sociedade não suporta a condição dos transgressores de regras, como se essas não fossem quebradas, religiosamente, todo o tempo em casa, na escola, no trabalho, na rua. Mesmo naquele dia, com um atraso de 40 minutos. Só que ninguém ousou berrar – regra quebrada - transfiram eles daqui. Ou cancelem.
Pela sua simples existência, dona Antoninha não deixa de ser provocação, vivendo à margem da barra social e, na maioria das vezes, familiar.
Gosto muito de um filme chamado “As Confissões de Henry Fool” que mostra como dois personagens estranhos e deslocados na sociedade filtram o mundo de maneira diferente.
Para compreender como se relacionam as pessoas ao seu redor, um dos personagens do filme, Simon, precisará viver algumas experiências interessantes até alcançar um desenvolvimento social, até conseguir decodificar as relações de poder no seu mundo.
Fool e Simon são “estrangeiros”, são estranhos. E no entendimento geral, estranhos não tem voz. Nem vez.
Conceito comprovado ao expulsarem dona Antoninha do interior da “maior banda do mundo”...
À propósito, “As Confissões de Henry Fool” está disponível na Xok Vídeo.
junho 03, 2010
CARLITO AZEVEDO
“O amor é a única coisa que importa no fim das contas.
É a face mais luminosa da aventura do espírito humano sobre a Terra.
O amor gerou Clarice Lispector.
O amor gerou Chagall.
O amor gerou Spinoza e Oscar Niemeyer.
Quer se trate do amor à verdade, do amor pelo saber, ou do amor que se dá entre duas pessoas, quem não se deixou tocar por esse sentimento se tornou um inútil, uma versão diminuída e cretinizada do humano."
IMPLICÂNCIA OU CRIME?
- Esqueleto ambulante!
- Taquarinha! Taquarinha!
Tumulto criado, atraques, lágrimas e joelho esfolado. Em casa, uma palmada bem dada para aprender a não brigar no colégio que isso não era coisa de guria direita.
- Pau de vira tripa!
- Taquarinha! Taquarinha!
Desforra? Fim de aula, guarda-chuvada e puxões de cabelos em quem nem tinha culpa, imagino. Em casa, mais palmadas. Até aprender.
- Taquarinha! Taquarinha!
Um dia pulavam corda no recreio, quando ouviu as risadas e a zombaria. Sem hesitar, deu uma laçada nas pernas dos meninos, das meninas e de quem mais próximo. Vergões, pranto e na hora do separa, separa, sobrou até para a profe Odete. De orelha esticada e vermelha, quase arrastada pelo corredor, um longo caminho até a sala da diretora. Isso são modos? Chama a mãe dessa guria e vamos resolver logo isso.
Castigo na sala de aula, escrever 100 vezes meninas ajuizadas não brigam, e mais o castigo em casa.
- Galinha, galinha!
Aos 13 anos, a angustia de adolescer. Agarrada aos cabelos uma da outra descem a escada do colégio evangélico rolando pelos degraus, aos berros de uma torcida parcial. Na frente de um diretor enfurecido, o veredicto: galinhas. E elas engolem.
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O que mudou nesses 40 anos que separam um passado acomodado, mas não esquecido?
A discriminação? Os limites? A educação?
Tudo.
Fala daqui, fala dali, mais os jornais e as reportagens na tevê, capa de revista, o assunto bombando:
- Na minha escola não tem disso. Os professores não deixam ninguém humilhar ninguém – disse um jovem de Estrela. Tá, e quando eles não estão por perto?
- Que vergonha, a gente incomodava tanto as colegas... – lembrou um rapaz nos seus 25 anos.
- Minha turma pegava pesado com o pessoal que vinha do interior – confessou outro.
Não era diferente no passado, mas era exceção. Agora, passou a ser regra.
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“Um estudante da 7ª série, de um colégio particular de Belo Horizonte, foi condenado a pagar uma indenização de R$ 8 mil a uma colega de classe por ter praticado bullying. A vítima relatou que, em pouco tempo de convivência escolar, o garoto começou a lhe colocar apelidos e fazer insinuações.”
Falha a família, falha a escola, mas que não falhe a sociedade.
junho 02, 2010
DANIEL BARBEITO E A SUBJETIVIDADE
Daniel Barbeito nasceu em Tarariras, Colonia, no Uruguai, em 1959.
Estudou tapeçaria e desenho textil na Escola de Bellas Artes de Montevideo.
Expõe desde 1981 e já passou por Nova Iorque e Vicenza na Italia; no Museu Arqueológico La Serena, no Chile; na Embaixada do Uruguai em Paris; no Centro Cultural da Recoleta em Buenos Aires e outros lugarejos.
Não impressiona meu olhar leigo. Fiquei sabendo depois. Alguns de seus trabalhos estão expostos em diversas galerias no exterior. Mas fui descobrir esta pequena tela em acrílico, 38x23, na Almacen La Carlota, em Colônia de Sacramento.
Lilian nos atendeu e depois de muita negociação, saio feliz pelas antigas ruelas da cidade tombada pela Unesco, com minha tela barbeitana embaixo do braço.
É um prazer indescritível comprar uma obra de arte, um trabalho único de um artista que sem saber apresenta um significado muito pessoal para cada materialista anônimo.
Um homem e uma mulher abençoando um cavalo grande, bem no meio da tela, protegendo duas aves. Uma imagem onírica de família?
Li, para Jung a imagem do cavalo “simboliza a natureza primitiva e instintiva do homem” e a forma como um desenho se mostra para a gente, pode indicar a nossa atitude em relação ao inconsciente.
Para James Hillman, a imaginação não deixa de ser um grande animal. Olha aí meu cavalo! É por ele que me vejo? Onde desenvolvo os próprios sentimentos?
“Assim sendo, o cavalo é um equivalente de “mãe”, com uma tênue diferença na nuança do significado, sendo o de uma, vida originária e o de outra, a vida puramente animal e corporal. Esta expressão, aplicada ao contexto do sonho, leva à seguinte interpretação: A vida animal se destrói a si mesma.”
Carl Gustav Jung
Fonte: http://webcache.googleusercontent.com/searchq=cache:zMKhfHr9x6IJ:www.symbolon.com.br/artigos/osimboloanim.htm+arquetipo+cavalo&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Tudo na vida é uma troca. Esse Barbeto por três noites de sexo e nada de vino, lanas ou dulce de leche... Nada de regalos. Mas, também na vida tudo passa. Não a arte, que sempre poderá lembrar as orgias que ficaram para trás. Se, somente se, a memória deixar...
@ "Gracias por la difucion en tu blog, me siento muy alagado.Es divertidopara mi ver las interpretaciones que hacen los espectadores de las obrasya que son ocultas hasta para mi, generalmente antes que la idea enpalabras me llega la imagen entonces la pinto y cuando veo que losespectadores encuentran simbolos e interpretaciones me doy cuenta que yano me pertenece o mejor aun, que hubo comunicacion. Otra vez gracias."
Barbeito
FUN FUN EM MONTEVIDEO
Numa noite de primavera, em 1992, o ator italiano Gian Maria Volonté sentou num canto do Fun Fun, se jogou numa cadeira para trás e deixando seu olhar vagar acima da fumaça dos cigarros, por entre as fotografias em preto e branco na parede do bar, disse:
"Este é um lugar onde vale a pena morrer de madrugada."
Era um pensamento gentil e de poética trágica expressada por um homem cansado.
Volonté poderia ter dito em qualquer lugar do mundo, mas disse no Fun Fun, este bar à média luz montevideano, uma mistura de pub de Glasgow com um museu da vida, que desde o dia 12 de dezembro de 1895 permanece fiel as mudanças do destino, ou seja, do Mercado Central para a rua Cidadela.
Seu fundador, Augusto Lopez, foi um apaixonado por tangos e criador de bebidas famosas, como a Uvita ou a secretíssima Pegulo, hoje não mais servida, e Miguelito, “um trago corto, dulce y com soda” considerado “muy apropiado para ñinos acompañados de sus padres”.
No Fun Fun, em 1933, Carlos Gardel cantou à capela e encantado deixou no bar seu sorriso e louvor as bebidas indeléveis de Augusto Lopez.
E qualquer um pode ainda vê-lo na parede do bar, em preto e branco.
Entre os visitantes lendários e freqüentes do Fun Fun já cantaram Pedro Figari, Julio Herrera y Reissig, Florencio Sanchez, Ringo Bonavena, Fito Paez e Joaquin Sabina.
* Minha livre tradução de um excerto do livro “Boliches Montevideanos – Bares y Cafés en la memória de la ciudad” – de Mario Delgado Aparaín, Leo Barizzoni e Carlos Contrera.