agosto 16, 2020

SETE PALMOS E RESSURREIÇÃO




Morreu Dom Pedro Casaldáliga, o poeta, o ecologista, o antropólogo, o bispo de certidão espanhola,  “radicado brasileiro”. 

Morreu Dom Pedro Casaldáliga, o Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás e pela Universidade Federal de Mato Grosso – o primeiro a receber tal distinção naquela universidade.

Uma vida de 52 anos  dedicada aos menos favorecidos em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso: os indígenas, as mulheres, os pobres – e contra os coronéis latifundiários. 

Dom Pedro fez parte do grupo de bispos que criou o Conselho Indigenista Missionário, em 1972 e a Pastoral da Terra, em 1976 .

Dom Pedro não utilizava os tradicionais trajes eclesiásticos, mas um chapéu de palha no lugar da mitra,  um cajado indígena, e um anel de tucum em vez de um anel de ouro.  

Seu lema: Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. É poeta, autor de várias obras sobre antropologia, sociologia e ecologia.

 



Renunciou ao seu cargo de bispo em 2005. Sofria de Parkinson.

Foi ele quem disse que “o governo de Lula gosta  mais dos ricos do que dos pobres”.

Com isso, amargou o abandono ideológico: “ PT, PCdoB e do PSOL; dos grandes líderes nacionais da esquerda, do comando do MST, dos artistas famosos que sempre o citam enquanto referência, da cúpula sindical, TODOS, sem exceção, o abandonaram.”

Sua vida e as causas pelas quais lutou até o dia da sua morte no dia 8 de agosto desse ano, pode ser conhecida no livro da jornalista Ana Helena Tavares e do monge beneditino  Marcelo Barros: "Um Bispo Contra Todas as Cercas – A vida e as causas de Pedro Casaldáliga", lançado no ano passado.

Para descansar

eu quero só

esta cruz de pau

como chuva e sol,

este sete palmos

e a Ressurreição!

Mas para viver,

terra e liberdade

eu preciso ter.

Dom Pedro Casaldáliga


Em São Félix do Araguaia, uma avenida reverencia esse aquariano, nascido em 16 de fevereiro de 1928.  Dom Pedro Casaldáliga foi enterrado dia 12 de agosto de 2020 no Cemitério Karajá, sob a sombra de um pequizeiro à beira do Rio Araguaia. 



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