setembro 12, 2011

DO LÁPIS AO TECLADO

Li sobre o fim da era escrita à mão nas escolas.
Sim, o fim da caligrafia.
Mais uma geração e escrever com a caneta de próprio punho já era! Nem nas minhas enlouquecidas divagações poderia imaginar isso. Bom, o caderno de caligrafia sumiu mesmo e escrever à mão é opcional nas escolas americanas.
Agora é tudo via computador. Inclusive a alfabetização.
Não quero imaginar o que pode acontecer... Cruzcredo, para a extinção dos jornais e livros um pulo.
Lembra? Primeiro terminaram com o caderninho de fiado nas vendas. Pois, mais uns tempos e terminam com as bibliotecas. E com as  bibliotecárias. Para que estes anacronismos se todo mundo é interligado por fios invisíveis da internet?
Pensando melhor, será que também vão terminar com as feiras de livro? Com as fabricas de bic? Dos lápis coloridos da Fabel Castell? Fabricas de cadernos, de bloquinhos, de agendas? Desemprego na indústria escolar. Os profes que se cuidem.
Tudo, tudinho em extinção dizem os entendidos futurólogos. Bom, os quadros-negros-verdes já estavam sumindo mesmo. Mas, sinceramente, não consigo  acreditar nessas previsões. E espero estar bem velhinha para achar que caducos são os outros. Ou então morta.
*


Na última feira literária que visitei descobri um livro que curti muito. É do italiano Umberto Eco, aquele  do “O Nome da Rosa” e  que rendeu um filme maravilhoso de mesmo nome. Pois o título de agora é muito interessante: “Não contem com o fim do livro”. Um diálogo entre o escritor Eco e um jornalista, Jean-Claude Carrière, com doses de muito bom-humor e conhecimento de causa, sem pedantismo intelectual, essas idiotices que muita gente adora espirrar em público.
Ou seja, o livro  tal como conhecemos – papel pólen, letra impressa, com cheiro, capa dura ou mole, com orelha ou não -  tão cedo não terminam com ele.  E dei risada e figa para todos aqueles que profetizam o contrario.  E-books uma ova! Se um louco criar um vírus para acabar com o sistema elétrico de uma cidade, caem as tomadas e voltamos para o lampião, o toco de vela, daí, presumo, teremos a volta do romantismo, as conversas ao pé do ouvido, o silêncio maravilhoso do mundo, intimidades vividas em tempos de antanho. Quem mesmo falou na extinção da caligrafia?

*
Umberto Eco escreve uma coisa que parece impossível de acontecer:
o fim da internet. Ahã. No futuroooooooooo.
Ele disse que  houve um tempo em que o futuro seriam os dirigíveis. Mas o famoso Hindenburg pegou fogo e 36 pessoas morreram carbonizadas.
Recentemente, ano 2000, o Concorde supersônico atravessava o Oceano Atlântico em apenas  três horas. Em 2003 já não existia mais.
Os CD-RoMs não mataram os disquetes? E os DVDs já não estão com os dias contados? E não se passaram nem vinte anos.
Os homens inventaram a escrita como o prolongamento da mão, ou seja,  criaram um meio de comunicação imediatamente ligado ao corpo. É uma prática biológica e não tecnológica como as invenções do radio, cinema ou internet.
Resumindo: como a televisão não matou o cinema, a internet não vai matar o livro e é melhor todo mundo aprender a escrever à mão do que se botar a  teclar na frente de um visor. Vai que dá um blecaute eterno e a criatura se veja analfabeta de vez.
Bem possível sim.

 Minha crônica nos jornais A Hora, Opinião e site Região dos Vales

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