abril 10, 2009

NULIFICAÇÃO

Estávamos ali por vontade própria.
Um grupo grande reunido em uma espécie de jardim ou área verde. E todos vestindo uma roupa de Papai Noel. Um por um adentrava em uma sala. A Sala da Tritura.

Por um vidro podia acompanhar parte do processo. Mas só lembro de ver os corpos humanos passarem por uma máquina e sair por outra extremidade feito carne moída, gordurosa e vermelha.

Uma pessoa se aproximou e disse que eu poderia desistir.
Olhei ao redor e vi pessoas de todas as idades, inclusive crianças, ninguém conhecida. O ambiente, antes claro e bem iluminado, aos poucos foi se tornando sufocante, com a chegada de mais gente. Vi novamente os corpos triturados caindo em caixas pequenas. Embalagens. Foi quando desisti. Não me vi moída. Não queria aquele fim suicida. Alguém se aproximou e disse que eu poderia partir.

Comecei a procurar uma saída.
Alguém me ajudou e abriu uma porta e fui empurrada com força para fora. Pessoas estavam por ali, sentadas no chão. Aliviada reconheci uma menina e nos abraçamos e eu chorei.
Ela não era minha amiga, apenas um rosto conhecido. Acho que também era uma desistente.
Acordei.
A trituração foi tão vívida que custei a dormir novamente.

Se estamos na Páscoa,
por que a roupa de Papai Noel?



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