setembro 12, 2025

DANUSHA LAMÉRIS


 Pequenas Gentilezas

 

Estive pensando na maneira como, 

quando você caminha

por um corredor lotado,

e as pessoas recolhem suas pernas 

para deixar você passar.

Ou como estranhos ainda dizem 

“Deus te abençoe”

quando alguém espirra, um resquício da Peste Bubônica.

“Não morra”, estamos dizendo.

E das vezes que, ao derrubar limões de sua sacola de compras,

outra pessoa o ajuda a recolhê-los.

Na maioria das vezes, 

não queremos magoar uns aos outros.

Queremos receber nossa xícara de café quente,

e agradecer à pessoa que a entregou.

Sorrir para ela e esperar que ela sorria de volta.

Para que a garçonete nos chame de querido

quando colocar na mesa a tigela de sopa de mariscos,

e para que o motorista da picape vermelha 

nos deixe passar.

Temos tão pouco uns dos outros agora.

Estamos tão distantes da tribo e do fogo.

Apenas esses breves momentos de partilha.

E se eles forem a verdadeira morada do sagrado,

Estes templos fugazes que construímos juntos 

quando dizemos

“Aqui, pegue o meu lugar”,

“Por favor, você primeiro”,

“Bonito o seu chapéu”...

 

 

Tradução.: Nelson Santander

JANDIRO ADRIANO KOCH


 

"É assim que se tira o couro dos negros. 

Se a Alemanha tivesse feito isso, já teria ganho a guerra."


Na pacata Linha São Jacó, interior de Estrela/RS, Pedro Paulo Caye proferiu essas palavras enquanto ateava fogo no negro Otto. Jogando querosene em sua cabeça, ateou fogo no cabelo, o que acabou em queimaduras, de 2° e 3° grau, na fronte e atrás da cabeça.

Otto nunca se recuperou plenamente.

Caye foi condenado a três anos de prisão.

Aconteceu em 1943, plena 2° Guerra Mundial, auge nazista.

Processo pesquisado no DARQ/TJRS."

 

MATINAL NEWS


 “A literatura é a realidade pensada,

a realidade organizada,

o pensamento organizado 

sobre as coisas que muitas vezes,

no momento, não é possível fazer.

Tem que esperar passar o tempo

para saber exatamente o que aconteceu.”

Luis Fernando Verissimo

FOLHA DE SP



 




27 ANOS E TRÊS MESES

“Aqui, hoje, pulsa o Brasil que me dói.

É quase um encontro do Brasil 

com seu passado,

 seu presente e seu futuro”

Cármen Lúcia, ministra do STF


Cármen Lúcia e Cristiano Zanin juntaram-se a Moraes e Dino para selar o destino de Jair Bolsonaro. Esperanças do ex-presidente e demais réus dependem agora de profunda reviravolta política

Cármen Lúcia deu início a seu voto sob clima de alguma apreensão.

(...)

O voto de Cármen Lúcia foi claro, rápido e objetivo. 

Dissipando a apreensão do início da sessão, não polemizou com Fux. 

Começou pela discussão da acusação de organização criminosa, uma reação direta, embora não nominal, ao voto de véspera. 

Ao afirmar sua compreensão de que o crime estava caracterizado, Cármen Lúcia já explicitou que considerava ser Jair Bolsonaro o líder da organização, sacramentando a maioria necessária para condenar o ex-presidente por esse delito. 

Na fase do cálculo das penas, quem respirou aliviado foi Mauro Cid. 

Sem deixar de apontar omissões do colaborador, Moraes reconheceu a efetividade de sua cooperação e concedeu-lhe todos os benefícios que ele havia acordado com a Polícia Federal.

Cid saiu-se com uma pena de dois anos de reclusão, em regime aberto.

No extremo oposto ficou Bolsonaro, o líder da organização criminosa: 

27 anos e três meses.

Um pouco abaixo ficou Braga Netto, com 26 anos.

Anderson Torres e Almir Garnier tiveram a pena fixada em patamar ligeiramente inferior, em 24 anos.

As penas menores, mas ainda assim altas, ficaram para Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Alexandre Ramagem: respectivamente, 21 anos, 19 anos e 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão com perda do mandato parlamentar.

Ramagem e Torres perderão os cargos de delegados da Polícia Federal. 

Todos foram declarados inelegíveis pelo prazo de oito anos.

Os réus devem iniciar o cumprimento de suas penas em regime fechado.

A questão do local de recolhimento de Bolsonaro há de ser um debate à parte.

O tribunal precisará decidir o peso que devem ter tanto sua condição de militar reformado, embora o Exército já tenha dito que não deseja recebê-lo como hóspede carcerário, quanto sua condição de ex-presidente da República, que não lhe confere em si direito a tratamento diferenciado, mas torna-o pessoa cuja segurança merece especial atenção, como ocorreu com Lula.

Por isonomia, é possível que sua cela seja um ambiente análogo à sala da Polícia Federal onde Lula ficou detido.

A condição de saúde de Bolsonaro também é fato que deve ser considerado: 

é certo que o ex-presidente buscará a chamada prisão domiciliar humanitária, que não deve ser concedida antes de uma perícia médica avaliá-lo, e os responsáveis pelo estabelecimento onde ele estiver trancafiado responderem se há, ou não, condições para que ele receba acompanhamento médico adequado lá mesmo.

 Revista Piauí

 

DO MEU BLOQUINHO


 

"Gentileza gera gentileza" é uma frase criada por José Datrino, conhecido como Profeta Gentileza, no Rio de Janeiro. Lembram dele?

 Nunca, nunca gentileza tão em falta.

Fui à pharmácia, naquela que a gente pensa em pular a fogueira em junho, sabe?

Um rapaz me atendeu, apresentei a receita, e ele falou sobre o genérico, que era de um laboratório muito bom, e o preço quase a metade do original. Pensei rápido, lembrei do meu saldo curto, e topei.

Não funcionou. E eu havia comprado duas caixas.

Voltei no outro dia à pharmácia junina e pedi que trocasse o medicamento, da caixa que eu NÃO havia aberto. Pagava a diferença.

A gerente negou. Eu pedi mais uma vez a gentileza de trocar, o remédio similar não cumpriu a finalidade.

Ela engrossou. Eu engrossei.  E tava feita a merda.

Voltei como o outro medicamento, enfim, trocado. E com a gerente rogando praga...

Tudo poderia ser evitado nessa relação cliente-gerente.

Nesta pharmacia não entro mais.

 

FALTA ASSUNTO PARA OS JORNAIS DO VALE DO TAQUARI?


A falta que faz uma boa faculdade de jornalismo 
para gente que perdeu as principais cadeiras 
como a de Ética no Jornalismo.  


Um jornalismo crível não dispensa a apuração dos fatos, a credibilidade e 
a capacidade de dar voz a diferentes perspectivas.
Quando Lula foi preso, a capa à esquerda, estampou manchete.

Capa do A Hora de hoje, à direita - 
agora que Bolsonaro foi condenado por tentativa de golpe,
a imprensa da região do Vale do Taquari, silencia.

É uma vergonha.

 

setembro 08, 2025

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO


 "Não se pode compreender tudo 
- pelo menos não com esse cérebro 
que mal compreende a si mesmo."

 

PATRIOTÁRIOS


Os lajeadenses pedindo anistia 

para uma turba criminosa que pretendia dar o golpe.



 

setembro 07, 2025

PRÁ LEMBRAR


 

... E VIVA O SETE DE SETEMBRO!


 

UNIVATES


 Em agosto, à convite da profe Angelica Munhoz, no curso de Licenciaturas  de Letras e Pedagogia, uma leitura dramática do poema de Bertholt Brecht:  A infanticida Marie Farrar, escrito em 1925. Um texto que não perde a atualidade, nunca. Fiz duas leituras. O feedback é troca de emoções.



À convite da psicóloga e professora Suzana Schwertner estive com os alunos da disciplina Ensino na Contemporaneidade, do Programa de Pós-graduação Ensino.

Para falar o quanto Malvina Hailliot Tavares é considerada atual, embora continue invisibilizada na região, principalmente, em Cruzeiro do Sul, onde viveu por 40 anos.
Esses convites são uma honra e me inspiram, jogam pra frente!
De um lado, exercito a dramaturgia, do outro pinço Malvina lááá do passado.
💗




MICRO-HISTÓRIA


Essa era a postagem que eu faria no inicio deste mês. Mas andava tão desplugada...

Madrugada do  dia 2 de setembro de 1967, a manchete do Correio do Povo:

"Furacão destruiu Lajeado". 

Eu é que sei. Acordei com meu quarto represado... Alguém alcançou um guarda-chuva porque caía  água do telhado. Fiquei sentada na cama, quieta, e mais não lembro.

O salão paroquial, em frente a nossa casa, perdeu o telhado e suas folhas de zinco, acabaram no nosso quintal. Contam que uma folha, ou algo similar, decepou a cabeça de alguém que ia para o trabalho, cedinho. Em plena rua principal.

Dias depois, uma enchente  das  boas...

Minha mãe, com gêmeos de dois anos de idade, buscou abrigo na casa da comadre Tosca.

Eu tinha 9 anos e estudava no Grupo Fernandes Vieira e na casa da comadre da mãe aproveitei para folhear a coleção O Mundo da Criança.  Como a gente lembra desses detalhes e não recorda o que almoçou ontem?

"UM GÊNIO DISCRETO"

1936-2025

 Não digo a primeira, mas a segunda ou terceira coisa que me ocorreu assim que soube da morte do Luis Fernando Verissimo foi esta: morreu um gênio. E um da família dos discretos, uma pequena ilha ao lado do continente dos gênios turbulentos.

Façamos a conta: músico, saxofonista, aprendeu a tocar na juventude, e na maturidade retomou com brilho uma carreira com shows e discos, com amigos antigos; desenhista que se dizia limitado, produziu ao menos duas séries de cartuns imortais, a das Cobras e a da Família Brasil; e nem vamos falar da escrita, ou melhor, vamos falar da escrita sim: milhares de crônicas, contos, esquetes para tevê e romances, em dezenas de livros. 

Personagens arrebatadores: o Analista de Bagé, Ed Mort, a Velhinha de Taubaté, Dora Avante, a socialite socialista. Em suma: a história da sensibilidade brasileira entre 1970 e esses dias agora não será contada direito sem que apareça sua obra.

A quarta ou quinta coisa que pensei: com sua morte, nos despedimos também de seu pai, mais uma vez.

(...)

A propósito disso, vale outra lembrança: talvez o Luis Fernando tenha sido o único cronista de toda a história do Brasil – esse berço de grandes cronistas – a escrever e ser comentado, não uma mas várias vezes, pelo presidente da república. Foi no tempo do Fernando Henrique Cardoso."

Luis Augusto Fischer

Na íntegra: Matinal News


Genial, simplesmente, genial.

NAS REDES...


 

GILMAR DE OLIVEIRA FRAGA