Guardachuvadelaura
novembro 25, 2025
EMPATIA & SOLIDARIEDADE
No feriado da Consciência Negra, um inusitado no supermercado. Gostaria de compartilhar:
Já no caixa, na minha frente uma moça havia passado as suas compras. Tentava pagar com o cartão Visa e não dava. Ela não entendia o porquê.
A operadora da caixa, uma mulher branca, com paciência e gentil, pedia para ela colocar a senha.
A moça é estrangeira e falava em francês e dizia Je ne comprends pas...
Mas eu entendi. Tentei ajudar. Escrevi no tradutor do celular « senha do cartão » - mot de passe de la carte...
Ela acenava com a cabeça que não entendia e tentava se comunicar em francês.
A moça do caixa disse Do you speak English? Ela negou.
Eu comecei a suar, tentava ajudar.
O valor da compra de quase 300 reais.
Ela falou algo para mim, mas também não entendi. Pedi para escrever
no meu celular, no tradutor. Dizia que
não tinha senha...
A moça do caixa conversou com a gerente que deu de ombros e
só faltou dizer – phoda-se.
Nós três nos olhamos, desapontadas.
Então a moça do caixa, acho que Iolanda, teve uma sacada: dividiu o pagamento da compra em dois. Pediu para ela passar novamente o cartão. E deu! Passou de novo e deu!
Nós três ficamos
felizes, abracei a estrangeira enquanto meus braços e pernas se arrepiavam de
alegria. Juro. Poder ajudar, poder resolver, boa-vontade...
CHURCHILL
Acabo de assistir a mais um filme sobre a 2ª Guerra
Mundial. Até 2010, a internet
contabiliza 314 filmes sobre esse tema.
Só na década 2000-2010 foram 69 películas sobre episódios da guerra em
vários países.
Esse aborda as decisões e o temperamento sargitariano do Primeiro-Ministro inglês, Wilson Churchill: minucioso e resistente. Descubro que traz Spencer no sobrenome, pelo lado paterno. Aliás, seu pai aquariano nasceu no mesmo dia que eu, com 100 anos de diferença. Ah, a princesa Diana não era Spencer pelo lado paterno também? Coitada, bem canceriana, quando conseguiu se safar daquela família podre e louca, acabou morrendo em um acidente de carro, em Paris.
Conforme a wikipedia, Churchill sobreviveu - depois que deixou de ser ministro - escrevendo livros. Jura, né? Até romance! Savrola, sua única obra de ficção – “com a trama centrada numa revolução na "Laurania", um estado europeu fictício.”
Debruçado sobre sua vivência bélica escreveu seis volumes The Second World War. E com isso levou em 1953, o Prêmio Nobel da Literatura.
Na cerimônia justificaram a escolha: "pelo seu domínio da descrição histórica e biográfica, bem como pela brilhante oratória na defesa exaltada dos valores humanos".
O cara foi extremamente nazista durante uma guerrilha pela libertação do domínio inglês no Quênia, chamada Revolta dos Mau-Mau:
“Churchill dirigiu as políticas envolvendo a realocação forçada de pessoas locais (negras) das terras altas férteis para dar lugar a colonos brancos e ao encarceramento de mais de 150 000 homens, mulheres e crianças em campos de concentração. As autoridades britânicas usaram estupro, castração, cigarros acesos em pontos sensíveis e choques elétricos para torturar quenianos.”
E durante sua vida, o rotaryano Churchill fez “uma série de comentários depreciativos sobre etnias não-brancas.”
O fdp casou com Clementine Hozier, em setembro de 1908,
depois de quatro anos de noivado. Ficaram juntos durante 57 anos - até sua morte em 1965. Tiveram
5 filhos, a primeira, olha a coincidência, Diana.
Não sei onde assistir, mas existe um documentário que registra a esposa Clementine com um certo poder e sob uma luz mais complexa no relacionamento com o marido.
Aquela coisa, né? Atrás de um grande homem (sic) existe uma grande mulher.
Procure pela série
"História Secreta" baseado em pesquisas realizadas por
Richard Toye, professor de história da Universidade de Exeter, e Warren Dockter,
historiador internacional da Universidade de Aberystwyth. Foram eles que
descobriram a fofoca da amante, no outono de 1985.
Churchill teria
passado quatro férias com Castlerosse no sul da França durante a década de
1930, quando estava fora do cargo.
Rendeu outro documentário: "Churchill's Secret Affair”.
Voltando à esposa, Clementine Ogilvy Spencer-Churchill, Baronesa Spencer-Churchill, antes Hozier, é do signo de Aries – corajosa, otimista, independente. Acho que mesmo sabendo da infidelidade do marido preferiu virar suas antenas para a presidência do Fundo de Ajuda da Cruz Vermelha à Rússia, para a Associação Cristã de Jovens Mulheres Apelo em Tempo de Guerra e ao Maternity Hospital for the Wives of Officers, Fulmer Chase, South Bucks.
Ao longo de sua vida, Clementine recebeu muitos títulos e com um vitalício após a morte do marido em 1965, se sustentou. Mas ainda assim foi preciso vender as pinturas de Churchill para obter um alívio financeiro.
Morreu em sua casa em Londres aos 92 anos, em 1977, quando fui a Porto Alegre fazer o vestibular para Jornalismo.
novembro 22, 2025
ATEQUINFIM
"NINGUÉM VAI TOLHER MEU DIREITO DE IR E VIR"
“Através do voto você não vai mudar nada nesse país, nada, absolutamente nada! Só vai mudar, infelizmente, se um dia nós partirmos para uma guerra civil aqui dentro, e fazendo o trabalho que o regime militar não fez:
matando uns 30 mil, começando com o FHC, não deixar para fora não, matando! Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem, tudo quanto é guerra morre inocente.” (1999)
“A atual Constituição garante a intervenção das Forças Armadas para a manutenção da lei e da ordem.
Sou a favor, sim, de uma ditadura,
de um regime de exceção, desde que este Congresso dê mais um passo rumo ao
abismo, que no meu entender está muito próximo.” (1999)
“Como eu estava solteiro na época, esse dinheiro do
auxílio-moradia eu usava para comer gente (2018)
“Eu jamais ia estuprar você porque você não merece.”
“O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro,
ele muda o comportamento dele. Tá certo?”
“Fui num quilombola em Eldorado Paulista. O
afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Acho que nem
para procriadores servem mais” (2017)
“Somos um país cristão. Não existe essa historinha de Estado
laico, não. O Estado é cristão. Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As
minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente
desaparecem” (2017)
“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vou botar esses
picaretas para correr do Acre. Já que gosta tanto da Venezuela, essa turma tem
que ir para lá” (2018)
“Ele merecia isso: pau-de-arara. Funciona. Eu sou favorável
à tortura. Tu sabe disso. E o povo é favorável a isso também”
“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o
pavor de Dilma Rousseff […] o meu voto é sim”
“O erro da ditadura foi torturar e não matar”
"Eu não sou coveiro, tá certo?"
“Pintou um clima” - se referindo às adolescentes venezuelanas.
"Alguns vão morrer? Vão, ué, lamento. É a vida. Você não pode parar uma fábrica de automóveis porque há mortes nas estradas todos os anos".
"E daí?"
novembro 21, 2025
LEOPARDO DE GABRIELA LEAL
"Miguel não consegue descobrir muita coisa a respeito de Lorena e começa a suspeitar que ela seja casada. Essa ideia mexe com ele, o atiça, Miguel coleciona histórias com mulheres casadas.
O bom das mulheres casadas é a discrição."
Leopardo foi lançado nessa última Feira do Livro de Porto Alegre, pela Zouk. Conforme o psicanalista e escritor Luciano Mattuella, na contracapa do livro:
"... o erótico é a forma mais visceral e crua de se dizer a verdade."
Lançamento em Lajeado, dia 11 de dezembro,
no pub Tom Maior, em frente à praça do bairro Americano.
MAGISTERIO NO CASTELINHO
Voltar ao lugar onde tu é quem te fez assim... O nó da memória se desfez e não deu para segurar a onda. As alunas trouxeram suas curiosidades e foi uma troca tão bonita!
Alunas do curso de Pedagogia da Univates fizeram um vídeo, materializando Malvina e apresentaram nesse encontro com as alunas do Magistério do Castelinho. Foi uma surpresa bacana!
Malvina, publicado pela Libélula Editorial, em 2023, narra a história e os preconceitos enfrentados pela professora Malvina Hailliot Tavares, no inicio do século XX, nas cidades de Cruzeiro do Sul e Lajeado. É um romance histórico-ficcional que transita entre a História e a Literatura. Recebeu financiamento do Pró Cultura e Secretaria de Cultura do RS.novembro 19, 2025
J'ACCUSE
Émile Zola, o grande escritor francês e socialista... Como não tirar uma foto junto ao túmulo no cemiterio de Montmartre?
Claro que não está lá, mas no Panteão de Paris, junto aos grandes.
Espiada no wikipedia:
O autor d’O romance experimental (1880) - manifesto literário do movimento naturalista.
Mas Zola é conhecido, suponho, por dois motivos: o romance Germinal,
com suas descrições realistas e cruéis ao descrever as condições de vida
subumanas dos trabalhadores nas minas de
carvão na França.
E também pelo famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento do qual o capitão judeu Alfred Dreyfus foi vítima.
Quem se interessa que pesquise!
Lembrei dele porque correm boatos pelas redes sociais sobre a ultima merda jogada no ventilador, aqui em Lajeado.
OPERAÇÃO ROSA BRANCA
A gente ainda tá ruminando a Polícia Federal em cima do Caumo, e agora nesta manhã de quarta-feira
(19) me aparecem com a Operação Rosa Branca (tão
criativos, crédo) "para investigar crimes de apologia ao nazismo, racismo e
exposição indevida da intimidade de parlamentares federais." - leio no Sul21.
Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de busca pessoal no município de Lajeado (RS).
O buchincho começou com investigação da Polícia Legislativa do Senado Federal, que indicava supostas postagens de imagens de “deepnude” — prática de criar imagens ou vídeos falsos, mas extremamente realistas, de pessoas em situação de nudez ou em atos sexuais — de parlamentares federais.
"A PF confirmou que as manipulações digitais envolviam um deputado e um senador de fora do Rio Grande do Sul, mas não confirmou a identidade nem o gênero das vítimas.
Além disso, o perfil dos investigados nas redes sociais apresenta simbologia representativa de “superioridade” racial, alusão ao nazismo e diversas postagens de cunho racista."
Por que não me admiro?
Volto a postar aqui:
DO MEU BLOQUINHO
Curiosa - uma das qualidades jornalísticas - fui numa reunião que se dizia filosófica. Mas foi só citar Helena Blavatsky para acender uma luzinha... Resumindo, resumindo, resumindo, o suco da coisa: a raça raíz, a raça ariana, da qual descendemos conforme a escritora ucraniana. Aliás, foi por causa de algo similar que deixei de seguir nas redes Lucia Helena Galvão. Olha... Não tá fácil, viu? Mas sou jornalista e por conta disso entro em cada fria, e claro, a decepção. Não foi diferente mais uma vez. Dei uma espiada na plateia branca e lembrei que li em algum lugar algo como saber da cidade é saber de si mesmo. Eu não quero ser colega de várias pessoas que ali estavam para descobrir o Conhece-te a ti mesmo. Antes tivesse ido ao Circo montado no quintal dos ricos moradores do bairro Alto do Parque. Quer saber, não duvido: ainda retrocederemos ao tempo das tricoteuse - o apelido das mulheres que se reuniam para ver as execuções públicas, durante a revolução francesa. E só pra voltar à filosofia, lembro Platão A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos. Toc, toc, toc. Cruzcredo, patakori, Ogum...
novembro 14, 2025
CARTA ABERTA DE TÉIO AO EX-PREFEITO MARCELO CAUMO
Escrevo esta carta com a mesma angústia que tomou conta de milhares de famílias quando a água subiu e levou casas, histórias, móveis, documentos, sonhos.
Enquanto o povo amanhecia apenas com um marmitex frio na
mão, tentando entender como reconstruir a vida do zero, hoje nós amanhecemos
com outra notícia: R$ 411 mil encontrados em um cofre ligado à tua família, um
cofre cuja senha era tua, mesmo anos depois de ter assumido a prefeitura.
E eu te pergunto, Marcelo — como é que tu dorme à noite?
Como alguém que conhece o Direito, que teve salário de prefeito, estrutura, poder e confiança pública, consegue encostar a cabeça no travesseiro sabendo que, naquele mesmo período em que tu governava ao lado da então vice-prefeita, a cidade viveu uma das maiores tragédias da sua história…
E agora vê teu nome no centro de suspeitas tão graves?
Tu diz que o dinheiro é “privado”, “particular”, “de
terceiros”. Que “trabalhar com dinheiro vivo é legal”. Mas explica, Marcelo:
Por que esse recurso estava em um cofre cuja senha só tu
possuía?
Por que R$ 411 mil em espécie enquanto tanta gente
precisava de colchão, remédio, gás, comida?
Por que sempre respostas vagas quando o povo precisa de
clareza?
Eu não estou falando apenas de burocracia, de contratos, de investigações.
Estou falando de consciência. De humanidade. De moral.
Tu pode dizer que tudo será “explicado em juízo”.
Mas
enquanto a Justiça faz seu trabalho, eu te pergunto como cidadão, como vizinho,
como alguém que vive a realidade que tu administrou:
Tu olha pra essa situação sem sentir vergonha?
Sem sentir o peso moral do que isso representa?
Sem lembrar das pessoas que perderam tudo enquanto tu
guardava uma senha que agora o país inteiro quer entender?
Marcelo, tu pode até tentar justificar juridicamente.
Mas moralmente… Como é que tu encara o espelho?
Porque nós aqui, que enterramos gente, perdemos casa e
recomeçamos do zero, seguimos olhando pra tudo isso com uma mistura de
indignação, tristeza e revolta.
E tu?
Segue dormindo bem?
Atenciosamente,
Téio
Jardim do Cedro
novembro 13, 2025
MOISES MENDES
"Além dos R$ 125 milhões de Lajeado, quantos mais teriam
sido desviados por prefeitos e empresários das verbas federais que deveriam
socorrer desabrigados pela enchente do ano passado?
Qual a extensão desses desvios em toda a área que recebeu
socorro do governo Lula?
A Polícia Federal, que a direita tenta amordaçar, vai nos dizer.
A Operação Lamaçal está no começo."
https://www.facebook.com/moises.mendes.384835
GANÂNCIA & SOCIEDADE CONIVENTE
"Marcelo Caumo não é mais secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano. De acordo com a assessoria de comunicação do governo do Estado, ele colocou o cargo à disposição nesta quinta-feira (13) e o pedido foi aceito pelo governador.
Eduardo Leite deve decidir o nome do titular da pasta na próxima semana.
Na última terça-feira (11), a Polícia Federal deflagrou a Operação Lamaçal, com objetivo de apurar possíveis desvios de recursos públicos federais repassados à administração municipal de Lajeado, em razão das enchentes ocorridas em maio de 2024.
Foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e, dentre as diligências, os policiais encontraram R$ 411 mil em dinheiro vivo em um escritório de advocacia de familiares de Marcelo Caumo e do qual ele foi sócio até se afastar em 2017 para assumir a Prefeitura de Lajeado."
https://sul21.com.br/noticias/politica/2025/11/investigado-pela-pf-marcelo-caumo-deixa-o-governo-leite/
Conheço o Caumo desde que era funcionário da prefeitura. Amigo do Fornari. Duas pessoas que nunca me inspiraram confiança. Intuição minha, como eles devem ter a deles sobre eu. Nunca votei no Caumo.
Quando prometeu, em cartório, que não buscaria reeleição, lembra disso meu único leitor?
Mentiu, como sabemos. O que esperar de um sujeito com esse caráter?
E quando deu um corridão nas últimas famílias flageladas que ainda estavam sem onde morar e acampadas no pavilhão do Imigrante?
E quando permitiu que a Havan se instalasse numa area de APP? E abriu uma rua, asfaltou, só para apoiar o véio piriquito?E a destruição da margem do rio Taquari?
Não teve ninguém com culhão para impedir aquela aberração contra o meio-ambiente.
O próprio Parque da Orla... Um banhado que secou para botar um chafariz chinfrim e que deve ter estragado com as sucessivas enchentes.E o cimento na Décio Martins Costa? Saiu a terra, as árvores... Na contramão de todos estudos ambientais.
Mudando de assunto:
"Ninguém rouba sozinho" - dizia meu pai. Que seja absolvido quem nada deve - digo eu.
O triste é saber que, como nas facções, um chefe é deposto para logo outro assumir e botar também a mão na bufunfa. Seja lá o partido que for.
novembro 10, 2025
LOU ANDREAS-SALOMÉ
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo
ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é,
aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio,
mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós
LOU ANDREAS-SALOMÉ
É russa, aquariana, filósofa, poeta, psicanalista. Viveu a maior parte de sua existência na Alemanha.
Escreveu A humanidade da mulher e Reflexões sobre o problema do amor.
Sua filosofia e vida também foram fonte de inspiração para as pessoas que orbitaram ao seu redor, como o médico e filósofo alemão Paul Rée, a escritora Malwida von Meysenbug - que em 1901 se tornou a primeira mulher a ser indicada ao Prêmio Nobel de Literatura. Escreveu Memórias de um Idealista, publicado anonimamente em 1869 - Rilke e tantos outros.
Em 1882, Lou Salomé tinha 21 anos, morava em Roma e era
considerada por muitos, a mulher mais
perigosa da Europa. Não pela beleza, grana ou poder, mas porque era
brilhante, nada convencional e porque se recusava a pertencer a qualquer homem.
Friedrich Nietzsche tinha 38 anos quando a conheceu em abril daquele ano nas escadarias da Basílica de São Pedro. Com olhar penetrante, Nietzsche lançou a pergunta derradeira:
“De que estrelas caímos um ao encontro do outro?”
Mas Lou Salomé rejeitou Nietzsche duas vezes e ele teve um colapso avalassador. Ela propôs a Paul Rée e Nietzsche, um triângulo não sexual, mas intelectual. Que vivessem juntos em uma "comunidade livre de mentes."
Três filósofos compartilhando ideias, livros, conversas. Sem casamento. Sem propriedade. Apenas puro companheirismo intelectual.
Para provar que falava sério, Lou arranjou uma
fotografia com ela sentada numa carroça, segurando um chicote, e com Nietzsche e Rée
puxando como cavalos.
A foto escandalizou a Europa. Uma jovem mulher com um chicote, a controlar dois dos homens mais brilhantes vivos?
Mas a experiência falhou. Porque ambos estavam apaixonados por ela. Mais tarde, desiludido com a vida sem Lou, Rée acabaria se jogando de um penhasco na Suíça, mas em 1901.
"Quero que cases comigo." "Preciso de ti."
Então, em desespero: "Estou ficando louco."
O escritor acabou se refugiando nos Alpes, rompeu amizades, mergulhou na depressão. Dentro de um ano, escreveu Assim Falou Zaratustra - sua obra-prima, nascida da dor de perder Lou. Em seu livro Ecce Homo, Nietzsche reconhece a influência da mulher amada.
Mais tarde, quando Nietzsche ficou realmente louco (provavelmente de sífilis), alguns culparam Lou:
"Ela o quebrou." "Ela o deixou louco."
Mas Lou Salomé não se importava com o que o povo futricava e tocou sua vida em frente.
A relação entre Rainer Maria Rilke e Lou Andreas-Salomé foi intensa, marcada por um romance que começou em 1899, com Salomé (38 anos) e Rilke (23) morando juntos como amantes, e evoluiu para uma amizade epistolar profunda que durou até a morte do poeta em 1926.
Salomé foi a musa inspiradora de Rilke e, por sua vez, a escrita de Rilke influenciou a obra de Salomé.
O relacionamento deles é celebrado na coleção de cartas trocadas entre os dois e inspirou a produção artística e intelectual de ambos.
Ela rompe com o
poeta em 1901, em parte porque as depressões dele, a arrasavam.
Bem antes de Rilke, em 1886, Lou conheceu Friedrich Carl Andreas, um estudioso de linguística, de línguas persas - brilhante, mas não seu igual intelectual.
Apesar de sua oposição ao casamento e das suas relações abertas com outros homens, acabou acontecendo o casamento mais estranho da Europa.
Ele a pediu em casamento. Ela disse que não. Ele ameaçou suicídio e, literalmente, apontou uma faca ao próprio peito. Lou, irritada, concordou em casar com ele com uma condição: o casamento nunca seria consumado.
As pesquisas de Andreas na Europa se concentraram nas línguas e na música da Ossétia e das regiões fronteiriças indo-afegãs. De 1903 até sua morte, foi professor de filologia da Ásia Ocidental e do Irã na Universidade de Göttingen.
Salomé e Andreas permaneceram juntos até ele morrer de câncer, em 1930.
Em setembro de 1911, Lou Andreas-Salomé, aos 50 anos, conhece Sigmund Freud durante o III Congresso da Sociedade Psicanalítica Internacional, em Weimar, na Alemanha. A partir daí, passam
a desenvolver uma longa amizade e intensa troca intelectual, baseada em
correspondências frequentes sobre psicanálise.
Poucos dias antes de sua morte, Lou viu sua biblioteca confiscada pela Gestapo (segundo outras fontes, a biblioteca teria sido destruída por um grupo da SA, pouco depois da sua morte).
Motivos alegados para o confisco: o coleguismo com Freud, por praticar "ciência judaica" e possuir muitos livros de
autores judeus.
Na noite de 5 de fevereiro de 1937, Lou Andreas-Salomé morreu de insuficiência renal, em Göttingen, enquanto dormia.













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