Guardachuvadelaura
setembro 22, 2025
ALCIONE MALHEIROS DOS SANTOS
Nas manifestações deste fim de semana, a extrema direita deve ter levado um susto.
Acostumada a levar para a rua seus falsos patriotas, seus falsos evangélicos, seus falsos indignados com corrupção, se viram confrontados com uma parte do país que eles tinham certeza de que não existia.
Mas, mais do que o conteúdo, que dispensa comentários, o que chamou atenção
nestas manifestações foi a estética.
Saíram as bandeiras dos Estados Unidos e Israel e entraram a bandeira e as cores do Brasil.
Saíram os cartazes pedindo intervenção americana e pedido de socorro a Trump e entraram os cartazes contra anistia aos golpistas e contra a PEC da bandidagem, aprovados com festa pelos bolsonaristas.
Saiu os discursos de pastores picaretas e entraram os maiores
expoentes da cultura brasileira.
Foi um final de semana que há muito o país pedia.
Para quem conhece a história do Brasil, sabe que nunca houve nada parecido com o que está acontecendo aqui.
Pela primeira vez, civis e militares de alto escalão
estão no banco dos réus sendo julgados por tentativa de golpe de estado. E com
todas as garantias de um estado de direito, que não existia em regimes
ditatoriais que defendiam.
A pior câmara dos deputados da história do país pode não ter se sensibilizado, mas o Senado já deu o recado de como vai proceder.
Sem
PEC da bandidagem, sem anistia. E o STF continuando a julgar os golpistas.
O colorido das manifestações deste 21 de setembro,
simbolicamente marcou a chegada da primavera.
“No novo tempo
Apesar dos Castigos
Estamos crescidos
Estamos atentos
Estamos mais vivos!”
KOSSOLA
Kossola, o nome africano de Cudjo Lewis, é o protagonista do livro de Zora Neale Hurston, escrito em 1927 e só publicado em 2018. As editoras se negavam publicar a forma como Kossola se expressava nas entrevistas com a autora.
Ele foi um dos sobreviventes do último navio negreiro, “Clotilda”, para os Estados Unidos. E mantido escravizado por cinco anos e meio no Alabama, acabou libertado em 1865.
Não fosse a Oficina Literária do Prof. Fischer, eu nunca saberia. E eu quero saber tanto de tantas coisas!
Como diz, o profe: “Escrever não é um dom, mas uma habilidade, que se pode desenvolver, aperfeiçoar, polir com o trabalho. É como chutar a gol ou atirar a bola ao cesto: até pode ser que alguém faça isso muito bem sem esforço algum, mas é certíssimo que qualquer um pode aprender a fazer bem.”
Oratura, significa literatura oral, abrangendo contos, lendas, poemas, provérbios e outros conhecimentos tradicionais transmitidos principalmente pela fala, especialmente em culturas sem um foco na escrita. Mantém a oralidade da palavra falada, com erros de pronúncia, sotaques, etc.
“A gente vive co’ você enquanto você vivo, por que a
gente
não pode viver co’ você depois que você morre?’
Então, você sabe, eles enterra um homem dentro da casa
dele.
“As esposas chora assim toda vez qu’alguém entra.
Quando ninguém entrou elas fica quietas.
Dois anos elas deve ficar viúvas.
Um ano, elas não toca água no rosto.
Elas lava sempre co’ lágrimas.
No solo da Áffica o luto das mulheres pelo marido é assim,
você m’entende?”

















