fevereiro 08, 2010

OS IMPERDOÁVEIS

Em maio ele completa 80 anos e em função da data longeva e profícua assisti um documentário na tevê sobre a vida de Clint Eastwood. Entre tantas lembranças, o ator cita o faroeste Os Imperdoáveis, de 1992. Corri para a locadora.

Filme americano, faroestão, não é a minha praia. Um dos raros foi na época da faculdade de jornalismo na Unisinos: Era uma Vez o Oeste e assim mesmo por sugestão e insistência do meu professor da cadeira de Cinema. Lembrava pouco, apenas do longo plano fechado nos olhos verdes de Charles Bronson e a bela trilha sonora de Ennio Morricone que depois quase se repetiria em Era uma vez na América.
Taí três excelentes sugestões para quem vai curtir o feriado de carnaval embaixo de um ventilador ou split.

Mas Os Imperdoáveis é um baita filme. É do tempo em que mil dólares era uma boa grana. “Este filme ameaça quebrar todas as regras do gênero faroeste. O velho Oeste é retratado sem romance, sem glamour e a violência é mostrada em toda sua crueza.” – diz o diretor, o próprio Clint.
Verdade, a cena do herói caído na lama do chiqueiro dá o tom da decadência do pistoleiro aposentado e o tombo no cavalo é humilhante para qualquer caubói durão.


O filme tem uma bela direção de arte e a trilha sonora é de dar um nó na garganta. Gene Hackman, numa excelente atuação de xerife vaidoso e sádico, ganhou um Oscar naquele ano; também traz Morgan Freeman que eu adoro e ainda apresenta um viés revisionista do feminismo através das prostitutas do Saloon, aliás, algo bem inusitado nas pradarias do Arizona hollywoodiano.

É um filme que se preocupa com detalhes. E estes fazem toda a diferença, permitindo que a magia do cinema aconteça, nos libertando por uns instantes dessa vidinha entediante para uma viagem no Tempo, nesse caso, nos tempos das diligências.


Detalhes significativos como silêncio e horizontes e coadjuvantes: “Eu sempre sinto que nos filmes, os papéis menores são o termômetro. Os papéis maiores você pode garantir, mas os papéis menores é que sustentam tudo.” – confessa Clint Eastwood.
Sim, esses papéis menores dão credibilidade ao filme e fazem a gente esquecer a própria insignificância quando depara com o reles aspirante a caubói, Schofield Kid, que parte atrás de uma recompensa, atraindo o velho Munny para um confronto com seu passado degenerado, onde a “a violência corrompe a alma”.

Após este filme, Clint chegou a pensar que seria o último filme em que atuaria como ator. Não foi, já comprovado em Gran Torino.
Se você é daqueles que também assiste os créditos, descobrirá que Os Imperdoáveis foi dedicado a Sergio e Don.
Adivinha?
Sergio Leone, o diretor de Era uma Vez o Oeste.




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