janeiro 20, 2010

OUTRA RAÇA...




Penso no planeta. Nesse que habitamos e que nunca pareceu tão caótico, tão naturalmente subversivo. Ou catastrófico. Tem gente desiludida com Deus. Vou deixar o Cara fora disso. Não merece.

Vamos falar de nós. Lembram do desenho do avestruz? Não parece que o melhor seria também enfiar a cabeça por inteiro dentro de um buraco e assim nos isentarmos de tudo? Não ver e nem ouvir mais nada, apenas os rumores das raízes?

Engano. Ainda restaria a consciência do lado externo para advertir: o que acontece no planetinha Terra gera consequências. Ou talvez o leitor pense que tudo apresenta antes uma causa? Causa da ganância?

Como nas animações infantis visualizo alguns países se equilibrando sobre o fio de uma navalha: metáfora popular para o viver no limite, buscando o equilíbrio para não cair num fosso profundo; a ignorância de um lado e a violência, do outro.

Do país para o estado e deste para o indivíduo que somos também no equilíbrio do canivete: pagamos iptu, ipva, icms, inss, cofinss.... (fora o pedágio, o dízimo na igreja, o flanelinha oficial que não deixa de ser o estacionamento rotativo, a taxa do lixo, a mensalidade escolar e do clube, etc e etc.) e tão pouco retorno: escolas sem professores e sem segurança; saúde caótica e exames marcados para daqui seis meses enquanto se apodrece nas filas; insegurança nas ruas e dentro de casa; presídios bomba-relógio; e a gente nem pensa no papel do Estado enquanto tocamos nossas vidinhas nas barrancas do Taquari, do Fão...

Pago, pagas, pagamos e recebemos muito pouco em troca: 41 impostos escreveu o jornal O Estado de São Paulo. É quase a maior carga tributária do mundo. Só a Suécia, a Dinamarca, Bélgica e França recolhem mais do que os brasileiros, mas pesquisem suas estradas, suas escolas, os presídios e a polícia, o sistema de saneamento, transporte público... Onde quero chegar?

Anestesiados, trocamos os canais de televisão bocejando frente a mais um desastre da natureza; suspirando por outra morte brutal no trânsito ou, por trinta segundo, nos indignando quando revelam mais uma trivial roubalheira do político que elegemos.
Tédio total.
Até podemos nos comover mas não batemos panelas, não fazemos passeatas, não escrevemos para aos deputados que sustentamos com nossos impostos. Não cobramos coisa nenhuma de ninguém e tampouco nos organizamos.

Em país desenvolvido, quem não limpa a neve na frente da calçada é multado; quem mata no trânsito é preso e quem rouba no governo perde a titularidade e também vai para cadeia. Aliás, no Japão, o político que rouba se suicida. De vergonha. Aqui não existe esse conflito: a ética é um valor muito duvidoso e não persiste de pai para filho.

Penso nos prejuízos em nossa região em função das enchentes, penso no Haiti. Comparo. Penso na governadora, no presidente, nos meus impostos. Penso em solidariedade, em ações concretas.

Quem disse que não somos avestruzes?
Minha crônica no Jornal A Hora in 20/01

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