dezembro 09, 2009

JOVENS E FAMOSOS

Essas coisas de fama...

Li e não lembro onde que antigamente as pessoas que apareciam na mídia eram reconhecidas e alcançavam o sucesso pelo talento próprio: escritores, atores, desportistas, músicos. Até chegar as medalhas espetadas no peito, alguns anos para se conquistar o tal do “reconhecimento”. E quando ela chegava - a fama! - era porque o trabalho dera certo ou que as metas foram alcançadas e só então, uhú, os píncaros da glória: manchetes nos jornais e revistas, letreiros no cinema, longas resenhas críticas.

Hoje não. Tudo é fabricado. Tudo é imagem.
Tudo é cro-no-me-tra-do para alcançar os famosos 30 segundinhos. Claro que a gente também reconhece que muito desse sucesso depende de uma boa rede de contatos. Todo mundo querendo virar estrela, mito.

É para isso que todos correm atrás da fama. Homens e mulheres. Mais da fama, do que da grana. Importa o grito “Eu sei quem você é!”.

Pode pesquisar - não basta ser amado. Todos querem ser adorados!
E assim cada época sinaliza um modo de encarar a realidade. Parece que nunca fomos tão capacitados para nos amoldarmos a ela, para aceitarmos tudo sem questionar. Só os artistas “malucos” conseguem transcender esse marasmo.
Na internet descobri que dois rapazes montaram uma “casa” na lateral de um prédio e “moram” na parede. É arte ou é imagem?

Diz um psicanalista que no fundo, no fundo, toda essa motivação midiática, essa vontade de aparecer seja de que jeito for, se dá pelo sexo: os homens para ter mais parceiros e as mulheres para escolher o melhor parceiro. Ele, quantidade. Ela, qualidade. Aí a gente se expõe desse jeito em casas de big brother, se vira nos 30, sabadão sertanejo...

Só que junto com o sucesso, com a fama, com a adoração, o lado B: “Esse cara se sente superior a gente...” –e brota a inveja, muitas vezes o ódio.

E foi por isso que um fanático matou John Lennon, que ontem completaria 69 anos se vivo fosse.
Eu sei que é frase pronta, mas assassinado o mito permanece jovem e rebelde. (Putz, aos 40 se é jovem ainda?) Assim como Joana d’Arc, James Dean, Jim Morrison e outros “jotas” mais jovens, realmente.

Por falar em fama e projeção, vocês sabiam que no passado encomendaram ao escritor Dostoievski um texto didático para combater o alcoolismo entre os russos? Ahã.
Ele sentou e começou a escrever “Os Bêbados” que veio resultar na obra “Crime e Castigo”. Ou seja: de um folheto do SUS da época passou para a história como um dos maiores clássicos da literatura universal. Dez anos depois escreveria Os Irmãos Karamazov, considerado por Freud como a obra máxima da história. No mínimo, Dostoievski levou 45 anos para ser considerado o bambambã das letras na Russia.

Mas hoje não, bastam segundos de macaqueação no Youtube e já entramos para a galeria dos mais acessados e, portanto, famosos do planeta Terra.

Não esqueçam: tudo por causa daquela historinha de psicanálise, sexo, quantidade...


(Minha crônica publicada nos jornais Opinião, de Encantado e A Hora, de Lajeado.)

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial