fevereiro 23, 2010

InSôNiA


as duas da madrugada o guarda-noturno ri secretamente da minha privação em claro. quase 3 horas... e o vizinho bebum de pernas cambotas, se escorando no muro, descobre espantado minha vigília. e agora já passou mais uma hora e o ladrão amaldiçoa meus passos fora de tempo enquanto analisa as luzes acesas na casa. por que não pode ser essa, pelo menos uma única vez, a tua condição ó homem que deita ao meu lado? tenho acordado no meio da noite, em campo de batalha. guerrilha urbana na verdade, às vezes estou fugindo, buscando um esconderijo, renegando as armas. com medo dos tiros acordo com vergonha da minha própria covardia. esta noite foi diferente. empunhava uma metralhadora e disparava a esmo. acordei com minha reação: joguei uma bomba numa casa. vi a trajetória da bomba e seu rastro. ouvi a explosão e ouvi o silêncio. a causa? - me pergunto várias vezes quando desperto no meio das noites abafadas. a causa? – tento descobrir acordando com dor no maxilar de tanta tensão. só pode ser esses filhosdaputa que estão cortando as árvores da minha cidade. anarquicamente sinto vontade de convocar os pixadores da cidade e detonar com a prefeitura, com as ruas asfaltadas, com a casa do novo rico no alto do morro... esse que pediu para a prefa cortar as árvores. filhodaputa. sim, meus instintos assassinos me levam aos pesadelos de guerra e minha inércia ao despertar. são quatro e meia da madrugada. espasmos de chuva não refrescam a noite. apenas lavam as estrelas. impertubáveis e fiéis.

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