agosto 26, 2023

M A L V I N A

Navegação Minerva no Porto de Santarém, São Gabriel do Lajeado.

A gente escreve sobre o que nos toca. 

E ao escrever vamos assimilando. Ou discordando.

Quando damos por acabado – na verdade, nunca acaba dentro da gente - saímos transformados por essa experiência de pesquisar, escrever, corrigir, reescrever, limpar, reescrever, corrigir. E quando publicado, novos erros se revelam como um tapa na nossa cara.

Aí entra em pauta a decepção e a ânsia.

Aliás, um oceano de ansiedade: vão gostar?  Detestar? Por que não escrevi com outro narrador? Por que não pesquisei mais? Por que não ousei? Porque não segui minha intuição e não fui mais a fundo?

A professora canadense Linda Hutcheon escreve em “Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção" que reescrever ou reapresentar o passado na ficção e na história é – em ambos os casos – revelá-lo ao presente. No fim, Malvina não deixa de ser apenas fruto da minha imaginação. Um cartão, uma foto, uma carta, nomes...  O toque de realidade.

A narrativa ficcional pode auxiliar a interpretação histórica, revelando traços comportamentais, sociais, políticos e culturais de uma comunidade, em um determinado momento histórico.  A ficção é o “como poderia ter sido”... Pode ainda registrar concepções políticas e filosóficas, importantes para uma história do imaginário e da leitura. 

O mérito da micro-história no silenciamento de Malvina na sua comunidade; a importância da história do cotidiano... Quando Malvina deixa de ser uma história antropológica, para adentrar  o espaço da literatura? Por que ela não é sequer nome de rua em Cruzeiro? Por que a invisibilidade? por que? Por que?

Como estudaremos as pessoas notáveis dos anos 2000? Dos anos da internet? Não temos mais diários, cartas, fotografias impressas, álbuns de família... Quem vai registrar as “lendas” familiares, os causos políticos, a micro-história...?

As influências políticas de Júlio de Castilho, João Abott, Pinheiro Machado, Borges de Medeiros, Júlio May. Princípios republicanos. O extermínio dos muckers. Revolução Federalista. O anarquismo no RS. A greve dos braços cruzados. 

 

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