novembro 18, 2013

DO MEU BLOQUINHO

.durante a barbárie da caótica primeira guerra mundial, o poeta e dramaturgo americano edward estlin cummings abdicou das maiusculas em sua assinatura. suprimiu a importancia dada ao seu nome. para posterioridade, apenas,  e.e.cummings. seu estilo literario aborta também a pontuação. os estudiosos de literatura chamam de tipografia não linear. foi por citação de um historiador que cheguei ao poeta. imagino que cummings se percebeu muito desimportante e minúsculo nos dias de lama e sangue da primeira grande guerra. a aniquilação do ser humano foi impactante para seus sentidos. daí a opção. com maiusculas, uma arrogancia. há tempos que me acho minuscula. que perdi a esperança na humanidade. instintivamente passei assinar com minusculas também. e isso que minhas guerras são batalhas medíocres. cummings é contemporaneo do surrealismo, precursor do concretismo? 
   céu 
         era 
açuc ar  lu 
minoso 
             comestível 
vivos 
        cravos tímidos 
limões 
verdes  frios  s choc 
olate 
s.

so  b, 
uma  lo 
co 
mo 
     tiva    c  uspi 
                        ndo 
                              vi 
                              o 
                              letas.

.não é o tipo de versos que gosto.  prefiro a simplicidade poética de manoel de barros. porque das coisas simples a conciliação de minha própria sensibilidade. enveredei para as minusculas da vida e só agora descobri as razões de e.e.cummings. nada de novo por aí. no caso do poeta  americano, o sentimento de impotencia perante os anos de guerra do keiser. eu, por um sentimento de mindinho mesmo perante fatos da vida. e ontem soube que a ganancia humana desceu alguns degraus na construção do caráter. um projeto de cultura apontou nove mil para um jornalista, nove mil para uma psicóloga, catorze mil para o produtor cultural. era preciso apenas abrir uma conta no banco. no dia seguinte o dinheiro do projeto já estaria depositado. essas coisas assombram alguns. deu água. esperaram muito para exonerar secretarios cafajestes. e assim governos perdem a credibilidade por pouca coisa. pessoas que um dia estimamos, também. a minha sensação é  de que realmente a vida é uma tragédia, onde a penúltima palavra atende pelo nome, desespero. e a última, morte.

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