fevereiro 05, 2011

A DAMA DOS SABADOS





Todos os sábados da minha vida, iguais.
Ou quase todos. Sábados bêbados.
Penso em vinganças. Em partidas. Tudo muito kitsch.
Entro na madrugada de domingo com a sensação oca.
E na semana o vazio  se atualiza entre ligações inúteis.
Deve ser por  isso que carrego um abismo dentro de mim.
O abismo do desprazer.
Desprazer é tão waldick.
Invento, procuro gelo e copo,
fantasias, versos, filmes, leituras,
chats, trilhas no mato, colírio.
Com a decadência dos sóis, o suborno:
afetos e um pouco de grana.
Mas aí chegam os sábados.
Imagina como seria diferente se em todos os sábados da vida,
de futebol, de reencontro com os amigos, bola e cerveja
eu fosse procurar o meu prazer?
Então sento na frente do analista  para descobrir
- o que me emociona.
- como obter prazer sem culpa.
- e sem culpar ninguém.
O analista entediado busca os ganhos
-  do medo.
-  da transgressão do medo. 
Olho para o teto. O analista olha para minhas pernas.
Decifra-me ou te devoro, waldick:
- o tamanho do buraco que criei.
- a longitude de minha paranóia. 
E quando acho uma faísca trêmula no meu labirinto
eis que vislumbro o sábado.
Com ou sem futebol,
o sábado de cu nessa cidade
que não mais existe em mim.

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