BALANÇO GERAL
Explico: essa semana faz exato 1 ano que iniciei no jornal A Hora, em Lajeado e no Opinião, em Encantado.
Na estréia saudava o seu Basílio, assinante do jornal e morador na Linha Boa Esperança, interior de Cruzeiro do Sul. Escrevia sobre as coisas boas da colônia e minha vontade de morar no campo. Não deu em nada, como alguns já sabem. Sim, talvez sempre se finja um desatino.
Há 1 ano, a professora Lea, leitora das minhas vizinhanças, imaginou que eu escreveria sobre as coisas do interior e para seu desaponto, nunca mais o fiz.
Há 1 ano, a capa do jornal noticiava as enchentes na região, a Festa à Fantasia, o Lajeadense que enfrentava o Inter B e os idosos que se conectavam ao mundo virtual em Arroio do Meio. Agora, a festa dos fantasiados aconteceu no sábado passado sem muito alarde; o Lajeadense vendeu o estádio e ainda nem começaram as obras do novo; e os velhinhos? Uns subiram aos céus, outros desistiram e foram jogar bocha, alguns continuam a navegar na internet e nada mais foi o que seria.
Há 1 ano, a Eliane tomava o ônibus todos os dias no Fão. Nas quartas-feiras chegava com a leitura em dia desta coluna. Hoje, perdi o contato porque mudou de emprego.
Há 1 ano, feito uma discípula de Darwin, me perguntava se existia Deus. Continuo batendo nessa tecla apesar de suspeitar que faz parte da natureza humana compreender rasamente o infinito.
Há 1 ano, minha amiga tinha arranjado um amante. Adivinhem? Ela está sozinha. Ele está sozinho. A ex-esposa casou de novo e feliz espera um bebê!
Há 1 ano, escrevi que a imaginação é a verdadeira fogueira da criatividade. Hoje? Sinceramente? Ando sem. E o desânimo é uma cachoeira gelada sobre a capacidade. De nada adianta ser criativo se você não põe em prática suas idéias. Lembram da voz despencando no vazio no início da crônica? Pois é: autocensura liquida de vez com a originalidade. E a falta de eco também.
Há 1 ano, pensava que o mundo se dividia entre uns e os outros. Era dualista: bem ou mal, preto ou branco, tatuados e não tatuados e por estas teorias mancas seguiu meu olhar. Não evoluí: continuo pensando assim, desculpe.
Então chegou dezembro e abordei a vaidade. Duas vezes!
As falcatruas do governo ocuparam umas três ou quatro crônicas. Muito pouco.
Indiquei dois filmes que duvido, assistiram. E leram “A Cartomante” de Machado de Assis?
O triste caso da menina Nardoni. O fim do mundo em 2012. A Copa do Mundo. Se prefeita fosse... Não necessariamente nessa ordem. Casamento e sexo ocuparam cinco crônicas. Comparando com os temas do Mazzarino, isso é quase nada. Ele com as suas morenas e eu com as minhas panelas e insônias.
Já dizia um sujeito chamado Berkeley:
“Somos nós os que levantamos a poeira e depois nos queixamos dizendo que não podemos ver.”
Tim-tim!
*Crônica de hj no A Hora.
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