maio 02, 2010

ECHO AND NARCISSUS

John Waterhouse

.tô chegando a conclusão que blogues são as águas de narciso. ta demais, demais, demais - diria Eco. entro em alguns e o refrão umbilical é “eueueu” - tudo divino e maravilhoso atenção pra esse refrão cantava a gal. a conotação naqueles tempos soava diferente: é preciso estar atento e forte, não temos tempos de temer a morte. e o pau comendo nas esquinas capitais, enquanto a colônia se preocupava com baile de debutantes. acho q é por isso q ñ evoluí. por causa da eterna organza rendada ao redor. mas, hj os narcisos escrevem de frente para o visor q devolve o reflexo da imagem q tecla. tem gente q se ama mesmo. coisa doentia? olh’qui eu divino maravilhoso enquanto a terra desaba, o verde desbota e o amor se diluí como zygmunt tão bem escreveu. deixa pra la. ontem? sentada na frente do fdp racista, com o destino coçando meus pés, não sabia se ignorava tudo ou se chutava minhas próprias canelas. segui a intuição. saí de lá com hematomas. nada q um hirudoit não desmanche. ñ posso me responsabilizar pelas decepções dos outros. minha vidinha já tá um caco e eu só penso em ir embora. a obsessão escraviza e suspiro fundo sem perspectivas. “precisa arranjar um amante” ela disse: “um eiro. pedreiro, carpinteiro, jardineiro, porteiro, marinheiro. esses trepam bem. intelectual não sabe trepar. só teorizam e se masturbam psicanaliticamente.” de novo essa lenga? e os coveiros, pensei. escolher, fazer opções dá uma angustia, a úlcera só cresce. cada escolha uma responsabilidade. caralho. nem o eu-fantasma suportaria o peso do amante eiro. falar nisso na minha rua, quase todos os dias, passa um trapeiro fora do ar. ele atravessa as esquinas falando em voz alta num celular durante todo o tempo. já segui o cara para entender seu monólogo sem eco mas ele mistura as lógicas o tempo todo e gesticula com o outro braço feito hélice. um novo estranho que surge na colônia. ainda bem q existe o celular pra aliviar a solidão dele - mesmo não funcionando. sartre já dizia q o outro é o eu q não sou eu. na próxima vez q o outro passar por aqui vou pedir uma informação qualquer. quero ver se ele “desliga” o celular-mudo, atravessa a ponte q nos separa e fala comigo. também vive esse outro feito narciso. só q alucinado de verdade e enamorado de si. da sua voz no celular? sim, tem tantos ditos normais q adoram ouvir a própria voz. sei pq tenho dois pinicos em vez de ouvidos.


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