março 11, 2010

CAINDO FORA

bebi duas garrafas de vinho medíocre, duas doses de uísque vagabundo e um prato de polenta frita virada em banha. trancei as pernas de bar em bar. no escuro, vultos que se sacudiam. no palco, uma banda e na banda um músico muito ruim fumando um baurete. não adiantava olhar ao redor, uma neblina no que restava do meu cérebro impedia o reconhecimento. alguém se aproxima não sei se macho ou fêmea. se galináceo ou quadrúpede. se otário ou cool. minha imersão alcoólica impede os reflexos e eu não sei de nada só que tudo aquilo é realmente o nada. vejo as pessoas com código de barra, listadas e não sei o preço delas. ni dieu ni maître talvez o diabo. sim, o ciúme - disse matias aires - fabricou os ferros, criou a escravidão do homem e agora a gente vive nesse cativeiro chamado lar. o que será mais obsceno? vício ou alienação? o que dói mais? a mentira ou a verdade? sem respostas saí daquele buteco enfumaçado e o ar inocente de fora acalmou minhas necessidades etílicas. tropeçando voltei para o carro. me tranco e ali durmo até o amanhecer pouco me lixando para essa cidade de merda. para esse pesadelo racional que embala todos e que graças a deus me exclui. um conta mentira para o outro e assim garantem uma sobrevida: o filho para o pai, o pai para a própria mãe, essa para o marido, o marido para a amante e segue a humanidade. eu também minto, mas bebo antes. bebo até fazer por merecer este fígado podre que me assombra.

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