julho 29, 2009

Oficina de Infrações Literárias

Por uma hora, os internos escrevem enquanto refletem, criam, recordam, concentram-se. No papel, uma porção de si confirmada pela assinatura que resgata o lado B de cada um. Nesse contexto, B de bom.
A assinatura no final dos textos simboliza a crença no futuro. Significa uma auto-estima viva, possível de afetos.

Nos primeiros encontros, a provocação: escrever ainda é uma atividade solitária, presa a uma espécie de cordão umbilical entre o consciente e o inconsciente.
Escrever dá sentido aquela identidade alquebrada onde alguns eus podem ser contemplados: eu-narrador, eu-personagem, eu-escritor, eu-poderoso, eu-frágil – fragmentos intuitivos que vão construindo um mundo entre ficção e realidade e todos os pontos de vista possíveis, de preferência, desprovido de censura.

Já disseram que escrever é também se descobrir, é também transgressão.

Às vezes, parece que é preciso que alguém “abra a porta” para que nosso senso de inadequação, transgressor, se liberte. E esse me parece o grande gancho dessa oficina de criação literária tão especial. Ou seja, a proposta é mesmo de juntar os cacos da própria realidade. E nesse monturo a angústia e o alívio, o prazer de vencer um desafio proposto. Não importa se disfarçada na ficção.
Importa dar voz a vida já tão debilitada por atalhos mal sucedidos da realidade.

O escritor Bernardo Carvalho disse que alguma coisa move o homem a escrever: “você quer lutar contra alguma coisa, com seus limites, é isso que toda arte faz.”

E foi isso nesses três encontros de um julho de muito frio, onde o desafio deles também foi o meu.


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