CONFIDÊNCIA DA LAJEADENSE
Sabe, aquele poema do Carlos Drummond de Andrade? Confidência do Itabirano? Com alguma relação entre si, reescrevi - desculpe Drummond! - levianamente:
Alguns anos vivi em Lajeado
Principalmente não nasci em Lajeado
Por isso sou triste, decepcionada: da laje.
Noventa por cento de lajes nas calçadas.
Oitenta por cento de laje nas almas.
E esse alheamento do que na vida
é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Lajeado, de suas noites brancas,
sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança lajeadense.
De Lajeado trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta laje, futuro muro no Brasil;
este Santo Inácio do velho Fialho de Vargas
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa…
Não tive ouro, não tive gado, não tive fazendas.
Hoje sou
jornalista aposentada
Lajeado é apenas
uma fotografia no computador.
Mas como dói!
1 Comentários:
Antes, no tempo que o vale desvirginava, tudo tinha originalidade, aventura, romance e porvir.
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