agosto 07, 2023

CONFIDÊNCIA DA LAJEADENSE


 Sabe, aquele poema do Carlos Drummond de Andrade? Confidência do Itabirano? Com alguma relação entre si, reescrevi - desculpe Drummond! - levianamente:


Alguns anos vivi em Lajeado

Principalmente não nasci em Lajeado

Por isso sou triste, decepcionada: da laje.

Noventa por cento de lajes nas calçadas.

Oitenta por cento de laje nas almas.

E esse alheamento do que na vida 

é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

vem de Lajeado, de suas noites brancas,

sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

é doce herança lajeadense.

De Lajeado trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

esta laje, futuro muro no Brasil;

este Santo Inácio do velho Fialho de Vargas

este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa…

Não tive ouro, não tive gado, não tive fazendas.

Hoje sou jornalista aposentada

Lajeado é apenas uma fotografia no computador.

Mas como dói!

1 Comentários:

Às 7 de agosto de 2023 às 18:26 , Anonymous Anônimo disse...

Antes, no tempo que o vale desvirginava, tudo tinha originalidade, aventura, romance e porvir.

 

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