abril 13, 2018

PEDAGOGIA 2018

João Francisco, quatro anos,
anda as voltas com monstros e mortos.
Quero ir no cemitério -  vem pedindo alguns dias.
Pra que?
Pra rezar pro meu bisa. Quero ir de noite.
Pra que?
Pra ver a mula sem cabeça.


Não existe.
Existe.
Não tem.
Tem.

Eu quero  ir no cemitério. Vou levar meu  foco.

Fomos. 
Em comitiva matriarcal,
quatro gerações


É aqui?
É.
E a foto?
Não tem.
Só o escrito?
É.


Aqui embaixo tá a pele?
Ta.
Os ossos?
Ta.
E o coração?
Sim.

E o que ta no céu?
O caráter.
A estrelinha?
É.
Vou rezar.
Ta.

(Meu horóscopo diz para fazer o que está ao meu alcance e nada mais. Quando crescer JF vai tratar os traumas, desse fim de tarde, no divã.)

Atualizando: 

João Francisco, fizeram rodinha na escola?
Sim!!
Contou para a profe e os colegas que tu visitou o cemitério.
...
Contou?
................. não.
Ué, por que não?
Fiquei com vergonha deles ri di mim.
Humm... Será? Acho que não iam rir.

JF não quis saber de conversa. Encolheu os ombros e foi brincar com seu mamute pré-histórico.

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