outubro 17, 2025

INSÔNIA E JABUTICABA


 São duas da madrugada. Aguardo o temporal que os meteorologistas prometeram. Ontem, um luar tímido parecia cobrir de poeira a jabuticabeira na noite fria e úmida da primavera. O gambá atravessou o telhado e se fartou comendo e ainda derrubou meus vasos.  São três horas e alguém transa nesse momento, alguém joga pôquer no celular, alguém netflixa o terceiro filme desde o entardecer por entre farelos de bolacha no sofá.  Sem medo, abro a porta e o Caetano assopra o meu olhar vagabundo quer guardar o mundo atrás das estrelas prometidas - sonho acordada  um sonho dolorido porque a realidade continua de forma estupidamente triste. Shakespeare escreveu tão bonito que nós somos feitos do tecido de que são feitos os sonhos. Meu tecido esgarçou e virou pano de chão. O sonho encardiu. Quero me apagar, não tem por que estender o devaneio torturante que é continuar aqui. Aguardo o temporal. Eles prometeram. Minha tendência é acreditar em promessas. São três e vinte da madrugada e eu mastigo os pensamentos embrulhada num cobertor, agora tonta de tanto pó de lua. Quem sabe, o sono me carrega?

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