DO MEU BLOQUINHO
Esse ano completei 20 anos desde que lancei meu primeiro livro e único infantil. Queria achar uma forma de conversar com minha neta sobre separações e mortes. Uma espécie de bóia para o naufrágio familiar a sua frente. Outras submersões vieram, mas todas minhas. A literatura sempre me ajudou a respirar fora das águas encardidas da vida. Seja pelas leituras, escritas, oficinas... Tudo vira criação literária. Vira prancha para me salvar dos swells e das pororocas. Depois, o livro Contos da Colônia, com uma capa bonita do Alessandro Cenci, mas cheio de erros, publicado por uma editora paulista que não se comprometeu com a revisão. Em 2018, as crônicas Morrer é crescer devagarzinho para aproveitar os anos que escrevi de graça no jornal da cidade. No mesmo ano, um prêmio de 2º lugar no concurso Mario Quintana, com a crônica Boa de memória. Fiquei tão feliz! Na pandemia do covid, com o governo bolsonaro invocando o passado militar - caindo de maduro disse meu amigo Ismael - publiquei Engole esse choro, pela Libélula Editorial. Hoje, esgotado nas livrarias. Em 2023 aprontei às pressas Malvina, graças ao projeto Pró Cultura, do governo do estado. Não vou falar das coletâneas. São muitas. Mas só quando fui citada na coleção História da literatura do RS, no livro Longas durações, organizado por Luís Augusto Fischer, me convenci de que, talvez, eu seja realmente uma escritora de carne e ossos, de pus e vísceras e fluxos sanguíneos. Aguardo a fase pela qual muitas de nós passamos, a de que um dia tudo se ajeita. Apesar da dor, da saudade, dos arrependimentos e das culpas.

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