DANUSHA LAMÉRIS
Estive pensando na maneira como,
quando você caminha
por um corredor lotado,
e as pessoas recolhem suas pernas
para deixar você
passar.
Ou como estranhos ainda dizem
“Deus te abençoe”
quando alguém espirra, um resquício da Peste Bubônica.
“Não morra”, estamos dizendo.
E das vezes que, ao derrubar limões de sua sacola de
compras,
outra pessoa o ajuda a recolhê-los.
Na maioria das vezes,
não queremos magoar uns aos outros.
Queremos receber nossa xícara de café quente,
e agradecer à pessoa que a entregou.
Sorrir para ela e esperar que ela sorria de volta.
Para que a garçonete nos chame de querido
quando colocar na mesa a tigela de sopa de mariscos,
e para que o motorista da picape vermelha
nos deixe
passar.
Temos tão pouco uns dos outros agora.
Estamos tão distantes da tribo e do fogo.
Apenas esses breves momentos de partilha.
E se eles forem a verdadeira morada do sagrado,
Estes templos fugazes que construímos juntos
quando
dizemos
“Aqui, pegue o meu lugar”,
“Por favor, você primeiro”,
“Bonito o seu chapéu”...

0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial