ENCHENTE II
ENCHENTE 2024
Era maio, mês das mães e chovia.
Há poucos meses havia me mudado para Lajeado, e estava encantada com a cidade. Tudo parecia tão perfeito.
Eu moro em um apartamento no segundo andar e da janela posso contemplar, mesmo de longe, um parque verde com um lago bonito.
Naquele dia, ainda lembro bem, mais ou menos às 7h da manhã, ao
descer as escadas me deparei com pessoas olhando em direção ao parque e logo
imaginei ter acontecido um acidente ou algo assim.
Perguntei o que havia e alguém me respondeu que era mais uma enchente. Olhei e não vi nada que pudesse me assustar, e não entendi exatamente o que estava acontecendo. Subi e continuei fazendo o que era de costume.
Com o movimento diferente do habitual, desci outra vez, por
volta das 11h, e aí me deparei com a água na porta das casas vizinhas e já se
aproximando da entrada do meu prédio.
Não pensei em mais nada, só passou pela minha cabeça buscar
o que tinha de mais caro e sair dali.
Peguei a minha cachorrinha, a bolsa e um casaco. Não sabia para onde ir e nem quando iria voltar.
A ideia era fugir antes que a água
subisse ainda mais, com as pessoas dizendo que dessa vez entraria no prédio. Os
moradores do primeiro andar subiram seus móveis para o corredor do segundo.
Não lembro de ter visto algo tão impactante assim em toda
a minha vida. Realmente apavorante, com dias de medo, incertezas e desejo
de ver logo o sol brilhar e apagar aquele cenário.
Ainda hoje sinto pavor de um céu carregado de nuvens
escuras e dias de chuva intensa.
O inofensivo se tornou assustador e as águas, as
responsáveis por organizar minhas memórias.
Débora Merten
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