REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS
Gostaria de entender como a repressão à imprensa é aceita em alguns países e em outros não.
ARGENTINA
A elevada concentração e opacidade da propriedade dos meios
de comunicação, a polarização, a falta de políticas públicas que garantam o
pluralismo e a precariedade da profissão de jornalista constituem as principais
ameaças à liberdade de imprensa na Argentina. Este cenário
constitui é terreno fértil para pressões do governo e das empresas
através da publicidade pública e privada e do uso partidário dos meios de
comunicação públicos nacionais, regionais e municipais.
A chegada ao poder de Javier Milei, abertamente hostil à
imprensa, marca uma nova virada preocupante para a garantia do direito à
informação no país.
Estudo detalha como os principais veículos impressos apresentaram,
entre 2014 e 2020, cobertura tendenciosa contra a esquerda brasileira
BRASIL
O novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva traz de
volta uma normalização das relações entre as organizações estatais e a
imprensa, após o mandato de Jair Bolsonaro marcado por uma hostilidade
permanente ao jornalismo. Mas a violência estrutural contra jornalistas, um
cenário midiático marcado pela alta concentração privada e o peso da
desinformação representam desafios significativos para o avanço da
liberdade de imprensa no país.
A imprensa foi um dos principais alvos do governo Bolsonaro,
que fomentou um ambiente de hostilidade permanente contra ela.
A chegada do governo Lula permitiu, num processo de
estabilização da ordem democrática, a normalização das relações entre os órgãos
do Estado e a imprensa. O discurso público a favor do jornalismo, o respeito
pelos compromissos públicos com a transparência e os progressos concretos do
governo na defesa da liberdade de imprensa tiveram um impacto tangível nos
jornalistas.
CUBA
Televisões, rádios e jornais são vigiados de perto pelo
Estado, e a imprensa privada continua proibida pela constituição. Os canais de
televisão Tele Rebelde e Cubavision são os maiores do país,
enquanto a Rádio Reloj é a estação mais ouvida. O jornal Granma é
o mais difundido. É controlado pelo Estado, como todos os outros meios de
comunicação. Os jornalistas independentes são mantidos sob a vigilância de
agentes que tentam reduzir sua liberdade de movimento, não hesitam em
abordá-los e apagar as informações em sua posse.
Jornalistas temem aumento da hostilidade
contra a imprensa após reeleição
EL SALVADOR
Os meios de comunicação estão entre as vítimas da violência
generalizada que reina em El Salvador. Desde que assumiu a presidência, em
junho de 2019, o presidente Nayib Bukele ataca e ameaça jornalistas críticos a
seu governo. A profissão é marcada pelo assédio aos veículos de comunicação
críticos ao governo, assim como pela criminalização dos profissionais que
cobrem segurança pública e gangues. O uso de trolls reforça a
narrativa oficial, e informações sobre assuntos de interesse público
tornaram-se confidenciais desde a pandemia.
GUATEMALA
A liberdade de imprensa é garantida pela Constituição, mas
esse direito é regularmente violado pelas autoridades ou atores políticos.
Jornalistas e meios de comunicação que investigam corrupção e violações de
direitos humanos, ou que emitem uma opinião crítica, enfrentam campanhas de
assédio e processos criminais.
HONDURAS
O ambiente para a imprensa hondurenha vem piorando
continuamente há mais de uma década, desde o golpe de Estado de 2009. Para os
jornalistas, o país continua sendo um dos mais letais das Américas, o que cria
um clima de medo e autocensura nos meios de comunicação.
A aquisição da grande mídia pelo capital estrangeiro e dos
veículos de comunicação menores pela classe política local mina o pluralismo. A
concentração dos veículos de comunicação nas mãos dos políticos, empresários e
grupos religiosos torna a parcialidade da informação palpável. O jornalismo
independente encontra dificuldades para sobreviver diante da falta de receita
publicitária e das constantes demandas de direito de resposta por parte de
funcionários do governo.
PANAMÁ
No Panamá, os jornalistas que criticam as políticas
governamentais ou que cobrem temas ligados à corrupção, sobretudo escândalos
financeiros internacionais, são muitas vezes obrigados a se explicar perante a
Justiça. A autocensura vem crescendo, assim como a importância dos contratos
publicitários que o governo firma com veículos de comunicação digitais, o que
limita sua independência.
Pensei em Lajeado.
PERU
Embora a liberdade de
imprensa seja garantida pela legislação, os jornalistas são vítimas frequentes
de agressões e assédio cometidos pela polícia. O jornalismo investigativo
resiste nos veículos digitais, enquanto as redes sociais são cada vez mais
usadas para cobrir notícias ao vivo. A desinformação permanece uma
realidade.
NICARÁGUA
Praticamente não há mídia independente, devido à intensa
onda de repressão lançada pelo regime de Ortega, desde maio de 2021, contra
políticos da oposição, organizações civis e a imprensa independente. Apenas a
mídia online, cuja maioria dos jornalistas vive no exílio, continua a relatar
os abusos do governo. Os poucos veículos de comunicação que ainda operam no
país, como a Radio Corporación e o noticiário televisivo Acción 10, evitam
criticar o governo por medo de represálias.
O exercício do jornalismo não é seguro na Nicarágua. Os jornalistas que ainda atuam no país trabalham com extrema discrição e não assinam seus artigos por medo de represálias.
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