JUREMIR MACHADO DA SILVA
SOBRE JORNALISTAS & MILITANTES
(...) não havendo possibilidade cognitiva de imparcialidade, só restaria assumir um lado e militar. Sendo assim, não se poderia esperar imparcialidade de um juiz nem criticar um jornal por estar sendo parcial.
(...) Há situações que mostram claramente a diferença entre o jornalista e o militante. A indicação pelo presidente Lula do seu advogado pessoal Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal é uma delas.
O jornalista busca descobrir (destapar, desocultar, dar a
ver).
O militante tenta, quando se trata de incoerência do seu lado, encobrir, justificar, passar pano.
O jornalista quer a racionalidade. O militante racionaliza.
(...) A esquerda, com razão, cobrou de Michel Temer a indicação do seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o STF. O princípio da impessoalidade foi atropelado.
Da mesma forma, cobrou de Jair Bolsonaro a indicação para
o STF do seu amigo André Mendonça. A Moraes não faltava saber jurídico.
A direita passou pano para as indicações de
Bolsonaro, mas agora cobra de Lula uma escolha sem distanciamento pessoal.
(...) O militante atua para diminuir os desgastes do seu
lado.
O jornalismo trabalha, como diz a frase famosa, para publicar
o que alguém gostaria de esconder.
Paradoxo do jornalista: há momentos em que ele deve tomar parte.
Por exemplo, contra o estuprador, o golpe de Estado, o
racismo…
(...) Um jornalista que vê na indicação de André Mendonça por Bolsonaro e na de Cristiano Zanin por Lula o mesmo atropelo à impessoalidade está sendo isento, imparcial, neutro, objetivo e, mais do que tudo, independente.
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