junho 09, 2023

JUREMIR MACHADO DA SILVA

SOBRE JORNALISTAS & MILITANTES

(...) não havendo possibilidade cognitiva de imparcialidade, só restaria assumir um lado e militar. Sendo assim, não se poderia esperar imparcialidade de um juiz nem criticar um jornal por estar sendo parcial. 

(...) Há situações que mostram claramente a diferença entre o jornalista e o militante. A indicação pelo presidente Lula do seu advogado pessoal Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal é uma delas.

 


O jornalista busca descobrir (destapar, desocultar, dar a ver).

O militante tenta, quando se trata de incoerência do seu lado, encobrir, justificar, passar pano. 

O jornalista quer a racionalidade. O militante racionaliza.

(...) A esquerda, com razão, cobrou de Michel Temer a indicação do seu ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o STF. O princípio da impessoalidade foi atropelado.

Da mesma forma, cobrou de Jair Bolsonaro a indicação para o STF do seu amigo André Mendonça. A Moraes não faltava saber jurídico.

A direita passou pano para as indicações de Bolsonaro, mas agora cobra de Lula uma escolha sem distanciamento pessoal.

(...) O militante atua para diminuir os desgastes do seu lado.

O jornalismo trabalha, como diz a frase famosa, para publicar o que alguém gostaria de esconder.

Paradoxo do jornalista: há momentos em que ele deve tomar parte.

Por exemplo, contra o estuprador, o golpe de Estado, o racismo… 

(...) Um jornalista que vê na indicação de André Mendonça por Bolsonaro e na de Cristiano Zanin por Lula o mesmo atropelo à impessoalidade está sendo isento, imparcial, neutro, objetivo e, mais do que tudo, independente.

 

 

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