dezembro 06, 2021

DIA DE AUDIO CRÔNICA

Pawel Kuczynski

 A LITERATURA QUE NOS HABITA

Quando acabei de ler a excelente  biografia do escritor João Gilberto Noll: 

“João aos pedaços”, de Flavio Ilha, fiquei com a frase dele na cabeça por muitos dias quando questionado por que  escrevia:

“Às vezes você escreve para não precisar matar ninguém na vida.”

Comecei a me perguntar por que ainda escrevo quando sei que meus colegas escrevem muito, mas muito melhor do que eu. Então perguntei, por que tu  escreve?

Pita Rabaiolli: “Escrevo para me achar dentro de mim. Por autopirotecnia”

Piti Arruda: “Escrevemos porque não conseguimos guardar nossos próprios segredos.”

Alvaro Santi: “Escrevo para tentar remediar a comunicação entre os seres humanos. Já que a fala é tão imperfeita, tento fazer por escrito.”

Meire Brod: “Escrever é algo indissociável à minha condição. É o que me torna quem sou.”

Tiago Segabinazzi: “Escrevo porque há sementes que só germinam no silêncio e na solidão da leitura.”

Alcione Malheiros dos Santos: “Escrevo para não me sufocar. A escrita é meu respirador.”

Luciana Zart: "Escrevo porque é  a minha maneira de esmiuçar o mundo."

Augusto Darde: " Pra fazer sentido."


Quero falar sobre João Gilberto Noll, apesar de ter lido  pouco de seus 20 livros.  O primeiro foi Rastros de Verão, no fim dos anos 80. A partir dessa leitura descobri que havia outro tipo possível de escrita.  Mais honesta e talvez, mais cruel.  

Trinta anos depois fui encontrar  no balaio de uma livraria o livro de contos: Máquina de ser. Paguei cinco reais e saí constrangida. Afinal, Noll havia recebido 6 vezes o Jabuti, o premio literário mais prestigiado  do país.

E quando fiz a cadeira de Conto Brasileiro, no Pós em Literatura  da Ufrgs, lembro que Noll sequer foi citado. Questionei à professora. Opções, acho que respondeu.

 Naquele mesmo ano, o escritor  morreu. E sobre  esse fim trágico, Carpinejar escreveu: 

“Noll não morreu de causa natural, foi assassinado pela sociedade, pelo total desprezo de nossas instituições pelos grandes artistas e narradores.” 


 “Às vezes você escreve para não precisar matar ninguém na vida.”

Não duvidei nem por um momento dessa frase, sendo a jornalista que sou...

E me pergunto se eu não fosse jornalista,  seria uma assassina?


Vai saber, né? Para quem curte ler... Descubra João Gilberto Noll.

Trilha Sonora: "De chegada",  com o Quinteto Canjerana, na 6ª edição do POA Festival Jazz .

https://www.youtube.com/watch?v=JUMgyZJrcsc


Ahhh as amigas... 






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