MANIFESTO CONTRA BOLSONARO EM LAJEADO
É diferente uma manifestação contra o atual governo numa cidade do interior, que elegeu o presidente com 71,65 % dos seus votos.
É diferente porque quase todos se conhecem. Sabe-se quem é da direita, quem é da esquerda e estes são ridicularizados nos seus empregos, nos jogos de futebol amador, nos salões de beleza, nos grupos de whatsApp – quando não perdem seus empregos.
Quem se posicionou contra o governo chegou cedo ao Parque dos Dick, em Lajeado na tarde de sábado. Para ocupar delimitar espaço, pendurar faixas e cartazes.
Logo uma mulher desconfiada quis saber: o que vai ter aqui?
E responderam: protesto por mais vacina no país. Ela se deu por satisfeita.
Aos poucos, o grupo foi aumentando. Esquerdistas, representantes estudantis, coletivo feminista, LGBTQIA+, políticos, jovens e velhos, cerca de 200 pessoas se reuniram para protestar, no grito.
Até o momento que o sensibilizado dono de um treiler de cachorro quente emprestou uma caixa de som e um microfone:
“Se façam ouvir. Não fui vacinado, peguei o vírus. Agora é hora de fazer barulho.”
Eu não me espantarei se a prefeitura reacionária de Lajeado punir o comerciante, que luta para sobreviver nessa pandemia, e cassar sua licença. É a cara deles.
Só então ouvimos as vozes de quem estava com a discriminação
engasgada:
“Por que não estão vacinando na periferia? Por que não estão usando o posto de saúde da vila Santo Antonio para distribuir vacina? Por que só tem vacina pra quem tem carro? A gente quer saber! A gente tem mais raiva do que medo!”
Algumas respostas ao “por que você veio?”:
“É meu primeiro
protesto. Não poderia ser conivente com a atual situação ou me omitir nesse momento.” Alcione, empresário.
“Tô aqui porque
queremos a vacina, o que não tivemos desde o início e a falta dela se comprova
com o número de mortos, que poderia ter sido evitado caso esse governo tivesse
agido rapidamente.” Cristian, funcionário público.
“Eu estou aqui porque a minha construção social, ética,
moral, foi graças às políticas publicas dos governos anteriores. E é tudo que
esse governo genocida não pensa. Ele só pensa na própria família bolsonara.”
Eduarda, internacionalista.
É diferente fazer protesto e se posicionar contra a direita nas pequenas cidades do interior. É preciso omitir até os sobrenomes.
E foi isso. Alguns bolsonaristas conhecidos passaram para conferir se eramos muitos. Não, não eramos. Eles podem dormir tranquilos com sua consciência racista, homofóbica e preconceituosa.
2 Comentários:
Continuaremos lutando contra o genocídio. Sem medo!
Que a luta continue.
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