fevereiro 12, 2020

ENQUANTO ISSO EM BUENOS AIRES

 'Somos filhas biológicas desses genocidas, mas repudiamos o que nossos pais fizeram', diz Paula, cujo pai trabalhava para a polícia secreta — Foto: Paula / Historias Desobedientes/Via BBC

Uma dica do jornalista Adriano Mazzarino no feissibuqui, mostra a reportagem dos filhos dos torturadores argentinos, que descobriram a verdadeira identidade dos pais.


E de como muitos desses filhos reagiram: se afastando, cortando relações, contando a verdade para os netos dos avôs monstruosos.


* Quando governos começam a proibir livros nas escolas e presídios no Brasil, é de se imaginar que voltaremos para um período de trevas, novamente. Até porque o judiciário corrupto cheira o seu contracheque e não reage.


Alguns trechos da reportagem:


Analía: Ao ponto de um dia me ligarem da creche: 'Olha, precisamos marcar uma reunião, porque Gino (filho mais velho, então com 4 anos) disse aos colegas de turma que o avô dele (Kalinec) estava na prisão porque havia matado muitas pessoas'. E os colegas começaram a perguntar se ele tinha metralhadoras, se tinha tanques... A professora ficou chocada.


É um exercício constante conciliar essa imagem do Doutor K com a do pai amável. No que se refere à vida em família, lembro dele fazendo cócegas, nos abraçando...

Me lembro de dizer 'de um lado está meu pai, e do outro lado, o genocida'. 

Mas ao trabalhar isso na terapia, acabei reconhecendo que não, que é sempre a mesma pessoa, uma única pessoa com uma parte que mantém oculta, mas que faz parte dela e que não me engana mais."

  “Quinze acusados no primeiro julgamento do circuito ABO — na foto, Kalinec olha suas anotações na segunda fileira, o segundo a partir da esquerda — Foto: CIJ/Via BBC

Analía: "Ainda estou esperando meu pai falar. Eu sei que ele tem informações confidenciais. Sobre os desaparecidos, talvez sobre algum bebê que foi sequestrado e entregue a famílias que apoiavam o governo militar.

Ao contrário de outros agentes da repressão que estão senis, meu pai está lúcido, tem uma memória prodigiosa. E saber o dano que continua provocando com seu silêncio cúmplice e criminoso me machuca muito."


Paula: "Quando você guarda um segredo por tanto tempo, conversar ajuda a lidar com a vergonha, um sentimento que muitos de nós compartilhamos no coletivo. Vergonha porque você sabe o que sabe, porque precisa se calar, porque tem medo do que as pessoas vão pensar.




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