IMPOTÊNCIA: UM RIO MORTO HA 3 ANOS
O Rio Doce corre por cerca de 850 quilômetros, cortando dois
distritos de Minas Gerais, e é a fonte de vida para muitas pessoas, incluindo o
povo krenak, que vive num pequeno assentamento às margens do rio.
Quando a barragem
estourou no dia 5 de novembro de 2015,
uma torrente de lama tóxica matou 17 pessoas, dizimando um vilarejo próximo a
Bento Rodrigues e contaminando o Rio Doce, até chegar ao Oceano Atlântico.
Especialistas em saúde detectaram arsênico, zinco,
cobre, mercúrio e antimônio na água do rio. Eles dizem que as toxinas
permanecerão no Rio Doce pelos próximos 100 anos.
Dejanira Krenak
Para Ailton Krenak:
Samarco: Um raio súbito que se abateu sobre a nossa aldeia,
sobre as vidas e a memória desse povo que vive à margem do Rio.
Barragem de Fundão: Um lugar muito distante e remoto, mas que afetou o nosso dia a dia nos últimos dois anos de uma maneira decisiva para o futuro.
Crime Ambiental: Uma ideia de abismo, que não tem resposta, sem eco.
Desastre Ambiental: Um grito na paisagem.
Poder: Uma coisa monolítica. Um bloco obscuro.
Barragem de Fundão: Um lugar muito distante e remoto, mas que afetou o nosso dia a dia nos últimos dois anos de uma maneira decisiva para o futuro.
Crime Ambiental: Uma ideia de abismo, que não tem resposta, sem eco.
Desastre Ambiental: Um grito na paisagem.
Poder: Uma coisa monolítica. Um bloco obscuro.
Ailton Krenak
“É uma luta da vida inteira, defendendo, tentando fazer com que as pessoas aprendam a ver com o olhar do povo indígena estes rios, estas florestas, montanhas que vêm sendo devoradas pela mineração e garimpo”.
MUDANÇAS COM O ROMPIMENTO
“A rotina, o cotidiano. Acabaram as saídas de casa para ir ao Rio mergulhar, tomar banho, lavar roupa, cozinhar, pescar, sentar e buscar água.
“A rotina, o cotidiano. Acabaram as saídas de casa para ir ao Rio mergulhar, tomar banho, lavar roupa, cozinhar, pescar, sentar e buscar água.
Começou o caminhão pipa, a privação, a falta de perspectiva
em relação ao dia de amanhã, ao futuro.
Começou a aflição das pessoas sobre onde e como viver sem o
Rio. Os animais que antes podiam circular, agora estão confinados, precisam ser
atendidos por veterinários e receber ração de fora. Não tem mais agricultura.
Uma cerca de 19 quilômetros separa o corpo do Rio das casas,
da vila e das pessoas, que estão confinadas em uma paisagem em suspenso.
Mais de cem famílias de uma hora para outra ficaram
penduradas em uma pergunta: quem é que vai pagar por isso?”
“Eu não tenho dúvidas de que o Rio tem mais capacidade de
resistir do que os viventes da beira dele. Daqui a trinta, cinquenta, cem anos,
ele pode ter conseguido fazer a sua autolimpeza, mas a vida das pessoas que
vivem ao longo dos 650 km de extensão dele, os pescadores, as tartarugas
marinhas… eles vão ficar afetados por muito tempo e talvez a recuperação não
seja igual ao do corpo do Rio.”
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