ALMEIDA GARRETT
Ilustração by Andrei-Protsouk
LA FELICIDAD
Não te amo, quero-te:
o amor vem d'alma.
E eu n'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te:
E eu n'alma – tenho a calma,
A calma – do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Não te amo, quero-te:
o amor é vida.
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não;
E a vida – nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não;
e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela;
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela;
e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo,
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo,
que é forçado,
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero;
De mau, feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero;
e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
* 1799-1854
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