maio 19, 2011

PRECONCEITOS, NOVES FORA


Essa semana o programa de debates “Contraponto” da Radio Independente em Lajeado, com  Renato Worm de mediador, abordou um assunto que passaria batido e sacramentado - o reconhecimento da união homoafetiva, desde 5 de maio, pelo Supremo Tribunal Federal – se não fosse as palavras virulentas dos integrantes do debate, três homens e uma mulher, se posicionando contra e à favor. 


Debate é isso. Cada um com suas idéias, filosofia de vida, condutas morais se é que nos tempos de hoje ainda se pode falar em Moral e Ética. No meu tempo de banco escolar no Castelinho, apenas uma disciplina e a gente ainda tinha o pai em cima para fazer valer a matéria. Mas, no “fundo daqueles corredores”, a cantilena era outra em tempos de ditadura. E todos silenciaram.
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Passando a régua na vida: o que realmente importa  para o Homem?
A memória? Uma família? Um emprego? Dignidade? A saúde? O dinheiro? A religião? A paz de espírito?
Importa o abrigo.
Abrigo no sentido de afeto, do amor, esse sentimento tão pouco contabilizado na era da internet.
Ando por aí e vejo as pessoas tão carentes. Querem um eco, mas parecem surdas.
Desejam a felicidade. Tão simples. Mas há que se esforçar.
Fico me perguntando  se importa a diferenciação sexual.
Não. Não importa e Jesus não tem nada a ver com isso. Vamos deixar a religião de lado.
Importa o abrigo, repito.
O respeito e a consideração pelo Outro. Inclusive sua opinião, seus desejos, os sonhos de cada um.
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A lei não está falando em casamento de gays na Igreja. E daí se estivesse? O mundo mudou e os casulos também não se constituem mais os mesmos e a borboleta é um ser híbrido.
A lei diz que a união homoafetiva se caracteriza por uma união estável entre pessoas do mesmo sexo.  Por que não? O artigo 5 da Constituição Federal não diz que somos todos iguais perante a Lei? Então, por que os gays não podem constituir família? Podem. Porque família se baseia em uma vida em comum com base no afeto, na solidariedade e na assistência. Infelizmente, a Igreja se volta contra os fiéis gays, assegurando que “estes não fazem parte dos planos de Deus” porque esta é uma união que não gera descendência.  Seria uma união imoral. Ora, não vamos longe: a História tem provado no transcorrer dos anos que a imoralidade coube a pedofilia entre o clero.
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Vejo que é uma lástima que a sociedade se arme de tantos  preconceitos.
Assim foi no passado. Entre católicos e evangélicos, brancos e negros, índios e colonizadores. Sangue, lágrimas e cicatrizes.
Em nossa região esse ranço chega até os dias de hoje como percebemos ao ouvir o debate na Independente AM no dia 16 deste mês. Um debate que contribuiu em muito pouco para esclarecimento dos ouvintes.
A união homoafetiva vem para reconhecer a divisão de bens em partilha, assegurar planos de saúde, herança, pensão alimentícia e outros quesitos que todas as relações heterossexuais têm acesso.

Li que os tribunais do Rio Grande do Sul foram declarados pioneiros no reconhecimento da união homoafetiva antes da lei homologada.
Isso que reza a lenda que as coisas são acertadas no fio do bigode e na ponta da faca.

Ufa, que assim seja.

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