fevereiro 28, 2011

O SCLIAR QUE LAJEADO NÃO VIU...

Na última Feira do Livro na minha cidade comprei um livro de Moacyr Scliar.
Não tinha quase nenhum título dele em exposição na feira, embora tenha escrito mais de 70 livros... Nos anos 80 curti muito O Centauro no Jardim, dei por conta da literatura fantástica, nem sei se é. Depois um fosso: nunca mais li nada. Por quê? Não sei, realmente, não sei. Mas conferia sempre suas crônicas na ZH. Fiquei muito triste quando soube de sua morte. Muito mesmo. Tanto inútil e medíocre por aí. Tanto vampiro infeliz sobrevivendo por sobreviver. Dá raiva. Mas, achei entre os best-seller do Paulo Coelho, o livro Saturno nos Trópicos, do escritor convidado para a Feira onde não foi quase ninguém para escutar o que ele tinha para dizer. Se não fosse por uma turma de universitários, não teria quase ninguém mesmo.
Scliar ainda me alertou quanto ao livro: mas não é ficção! Sei - respondi - é que sou uma mulher melancólica. Ele sorriu, entendendo.


O escritor Milton Hatoum disse que no “mundinho da literatura há muita vaidade, uma vaidade doentia” e que o Scliar estava muito acima disso. 
Um dia mandei um conto meu, preocupada com a duplicidade de narradores. Ele leu e respondeu que não via nada de estranho nos meus narradores. Tantos quantos eu quisesse. Foi gentil e disse que gostou. Não acreditei: o conto tinha erros grosseiros e no email seguinte pedi desculpas, envergonhada. Ele respondeu que por mais vezes que o texto fosse corrigido, sempre se encontraria erros e imperfeições. Agradeci sua atenção e nunca mais ousei incomodar.
Espero que a ZH não ocupe o espaço dele por ninguém. Que faça um rodízio de novos escritores, de gente que está tentando se lançar no mercado. Seria uma forma bacana de homenagear o imortal gaúcho tão generoso e que seguiu em frente, tão cedo.

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