maio 09, 2010

PERGUNTAS AO LEITOR

William-Adolphe Bouguereau
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Essa semana, minha querida amiga Aline - desconfio que em outra encarnação foi amicíssima da Clarice Lispector, de tão bem que escreve - encaminhou um texto do blog da ticcia, que compartilho com vocês:

“Taí, muito bem dito. @cafein disse no twitter que não finge felicidade. Eu também não. Não finjo, não simulo, não emulo, não faço de conta, não atuo, não forjo, não fraudo, não minto.”
- Alguém ousaria assinar embaixo? Para conviver em sociedade é necessário vestir o manto da hipocrisia?

Não sou uma pessoa de arroubos de felicidade histriônica, não sou arroz de festa, não tô em todas, não gargalho alto, não topo tudo, não tô sempre a fim, não to aí para o que der e vier, u-hu. Até porque eu canso, encho o saco, me irrito, desgosto das coisas e das pessoas, perco a paciência.”
- Não, às vezes quando divido o humor com pessoas queridas escapa uma gargalhada que exibe até minhas obturações. Rir é bom. Contagia. Aliás, tanto quanto o mau-humor. Verdade ou mentira?

“Não, não acho tudo espetacular, lindo, maravilhoso, fantástico, único, especial, incrível, oh, que emoção e não faço a mínima questão de demonstrar o contrário, muito pelo contrário.”
- Seria muita alienação de um indivíduo, em tempos globalizados, agir assim feito arroz de festa, conviva de comenda e outras parafernálias sociais. Não é?

“Desculpem-me os sensíveis e carentes, minha fidelidade e meu respeito são, sobretudo, a mim mesma. Além do mais, felicidade para mim tem a ver muito mais com estar confortável e ter paz de espírito.”
- Seria a paz de espírito, a chave para se viver bem? Não entendo como essas criaturas que detêm o poder nas instituições conseguem dormir em paz quando a ambição de se perpetuar cava um fosso onde tropeça a ganância, a corrupção e o individualismo. E ainda por cima ferram com os colegas, partidários ou subalternos. Não entendo como podem deitar no travesseiro a cada noite e dormir em paz. Você entende?

“... No geral minha felicidade é quieta e pacífica, mansa e calma, uma satisfação interna que é muito mais um calorzinho na barriga do que um saltitar alucinado, muito mais um aconchego bom da vida e uma satisfação pura por estar ali naquele momento do que um festejar contínuo de suas maravilhas.”
- É pedalar por aí, almoçar em baixo da jabuticabeira com a família e os amigos, caminhar na beira da praia fora de estação, o abraço do meu homem. O que lhe faz feliz desconhecido leitor?

“Podem me chamar de bola murcha, sem graça, blasé, eu realmente não me importo. Não tenho dúvida que eu não preferiria ser a entusiasmadinha ou a felizinha da Atma.”
- Chamam a gente de tanta coisa pelas costas, não é? Até aqueles que se fingem de amigos. Mas, você deve relevar, porque eles vêm com um código de barras tatuado na sua personalidade. Ahã, adivinhe. Sendo assim, também não tenho dúvida “que eu não preferiria ser a entusiasmadinha ou a felizinha” do Vale do Taquari. E você?

Saravá, minha gente!


* minha crônica nos jornais A Hora e Opinião desta semana.


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