agosto 14, 2009

ESCREVER PARA SOBREVIVER


A psiquiatra Nise da Silveira acreditava – e o tempo se encarregou de comprovar – que pessoas com problemas emocionais conseguem extrapolar as emoções canalizando-as pela escrita ou outras atividades artísticas. Chamou a isso de espelho do inconsciente.

O jornalista e escritor Lima Barreto, autor de Clara dos Anjos, Triste fim de Policarpo Quaresma, entre outros, foi também alcoólatra em um estágio avançado.
Além de sofrer preconceitos por ser humilde, filho de pai nascido escravo, Lima Barreto acabou internado algumas vezes no Hospício Nacional dos Alienados, onde em momentos de lucidez escreveu “Diário do Hospício”, designada pelos críticos como “literatura de urgência”, uma escrita para se reestruturar emocionalmente.

Luciana Hidalgo, autora de “Literatura de urgência - Lima Barreto no domínio da Loucura” escreveu que “a escrita parece atuar como ferramenta útil na recuperação de um “eu” partido, ou do pensamento cindido.”

Nas minhas atividades voluntárias percebo bem esse "eu" transtornado, humilhado, estigmatizado emergindo durante a Oficina de Criatividade Literária, através de versos e narrativas ficcionais. Ou não.

A esperança é que colaborem na autorecuperação dos internos. A escrita e a leitura como um canal para resgatar afetos e a auto-estima, na compreensão do eu de cada um.
O que não deixa de ser uma troca, já que Nise observou a tese do espelho...

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