DO MEU BLOQUINHO
Comprei em 2007. Agora o professor abordou num encontro literário, e eu me cocei... Já li? Tenho? Sim. Não lembro mais nada. Por isso rabisco o que me chama atenção. Pelo menos sei que li. Coisas são inertes: só tem sentido em função da vida que faz uso delas - sublinhei na página 17. Dar sentido as coisas, medeus. A solidão é uma coisa. Ou um estado de espírito? Nada mais solitário que o alzheimer. Estão acontecendo coisas agora que vivo sozinha. Roupas esquecidas no sereno da noite, janelas abertas para os amigos do alheio. Um rol de esquecimento: leite fervendo, cama desfeita, academia sem destino, cobrança da corsan, o carro na lavagem e por aí vai. Uma estranheza. A mudez. O não reconhecimento. As palavras que somem. A fome que emperra as horas. A procrastinação. O medo. A urdidura das palavras ao esmo pode revelar a alma? Só não consigo esquecer que joguei no lixo seco 110 quilos de papel ou 40 anos de trabalho do Giba. 16 sacolas de livros doados. Não completou 72 anos. Gostava de andar de bicicleta, de ouvir os cds e vinil, às vezes jogar um tênis. Torcedor do Inter. Volto, volto,volto. Penso em Antonio Cícero. Em Walmor Chagas. Em Ana Cristina César. Em Torquato Neto. O plágio da solidão.

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