DO MEU BLOQUINHO
Quando escrevo ficção, os personagens berram dentro da minha cabeça, os lugares brilham e sigo meu feeling. Hoje acordei às 4 da madrugada com uma personagem na cabeça e sua história... Opa, já falei q amo reticência? Que as reticências têm finalidades práticas? O q calou, o q sugere, a ironia, a desilusão, o que ficou para trás. Por exemplo: eu seria mais feliz se não gostasse de escrever? Talvez... Então, só me preocuparia com a cara, o físico, as roupas, as viagens e as amizades ocas. Jogaria tênis a qualquer hora e todo o dia, rata de academia. Mas não - eu preciso escrever, me jogar nas palavras. E sapecar reticências... E correr atrás da minha nova personagem, com suas dores, raivas, desesperanças e preconceitos. Essa minha personagem é fascista, é aquela que aplaudiu o dia 8 de janeiro dando risadas do que assistia na televisão. É uma personagem que chama de baleia uma mulher na piscina do clube. Uma personagem que “não suporto a viadagem nas novelas e na vida real”. Uma personagem que fecha o nariz quando passa por uma catadora de latinhas e “tanto emprego por aí”, que é racista e atravessa a rua para não passar ao lado do homem negro que vem em sua direção, que não gosta de gente velha – “velho fede, velho é repetitivo”. Tô pensando que essa personagem quando criança colecionava Barbies. Quando adolescente, colecionava tênis de marca. Quando adulta virou médica. Preciso escrever baseada na banalidade do mal, de Hannah Arendt, que me abriu os olhos para a normalização da ruindade de quem sequer desconfiamos... E toma reticências.
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