“MAS O QUE FOI NUNCA MAIS SERÁ”

Era domingo, 05 de maio de 2024. As águas do rio Taquari haviam baixado.

A destruição, inimaginável.

A gente já tinha chorado muitas vezes e enxugado as lágrimas outras tantas.

Estávamos no pavilhão (... )  ou no que dele sobrou.

Maurício, João, Felipe, Paulo, Taís, Tiago e outros, retirando lama, galhos, troncos e entulho, separando o que havia sobrado com alguma serventia.

Já no final da tarde, em meio a toda destruição, vejo um grande pedaço de raiz. Aquilo chama a minha atenção e, por impulso, arrasto a madeira pesada, úmida, deixando-a num canto.

Passado algum tempo, o Gringo olha para aquilo e dispara:

- Que coisa linda isso aí, vou pegar pra mim!

Era tarde, eu já havia me apropriado daquele pedaço de natureza.

- Nada disso Gringo,  vou levar, nem vem! Vou mandar fazer uma escultura pro Maurício, ele está de aniversário no dia 30.

O Gringo sorriu, então tá, é tua, mas tem que fazer essa escultura mesmo, né?

- Pode deixar!

 A essa altura já estava escurecendo, poucos ficaram, e o caminhão-guincho levava a caldeira antiga embora. Pedi ajuda, acho que foi pra um dos Tiagos, e coloquei a raiz no porta-malas.

Tirei foto, mandei pro Alessandro Cenci.

Escultura? -  se espantou. - Mas ela já está pronta!

Foi assim que surgiu a ideia do presente de aniversário do Maurício, neste ano de 2024.

Algo inédito, que não se pode comprar.

 

O Cenci topou de cara, buscou a peça, 

levou até o jato de areia, tratou cupim, 

imaginou uma base. Pensamos juntos se cabia 

dizer algo mais, talvez uma placa, algo assim.

Falei com a Deni - sim, cabe!

Lembrei da canção “Desgarrados”, vencedora da Califórnia da Canção Nativa, em 1981.

A letra fala de vida, de escolhas, de mudanças, “Faziam planos e nem sabiam que eram felizes ... olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho!”

Pra completar, contei essa história pro amigo Fernando Graciola.

Ele se emocionou e fez uma versão de “Desgarrados”, de presente pro Mauricio.

O resultado está aí! Duas obras de arte!

No ano em que o Mauricio completa 35 anos de idade, quando a empresa daria um salto com a máquina nova, no ano da chegada da Laura, dos 5 anos da Martina, quando todo o otimismo fica ofuscado pelo drama real, a gente tem que buscar força na essência.

No princípio, no simbolismo de uma raiz, para um recomeço.

Daí vem a pergunta: e agora?

O agora já sabemos, estamos juntos e temos muito trabalho pela frente.

O amanhã será sempre incerto.

Mas uma coisa é certa: independentemente do que acontecer no amanhã, permaneceremos

juntos, firmes em nossas raízes, prontos para voar para onde quisermos, com as nossas próprias asas.

Ney Arruda Filho

* Tem que ter um olho muito atento e sensível para no meio da desgraça de lama e árvores que atravancam  uma empresa, perceber o potencial de um pedaço de tronco talhado pela Natureza.  Precisava compartilhar essa história! Parabéns a todos envolvidos! 💓