WOODPECKER DA FERRUGEM
Todas as manhãs, dona Picidae surge com seu topete moldado no gel. Descubro, fêmea. Se ele, ostentaria uma “gravata”
vermelha. É o pica-pau-de-cabeça-amarela. Seis horas da manhã, confere o visual na
vidraça junto ao seu tronco favorito e raivosamente, tttrrrr... Uma, duas, tres
vezes. Não tem como não madrugar. Integra a coleção das aves catarinenses. Junto
com com uma família de aracuãs, promovem a maior algazarra no meu mato. Ontem vi
uma cambacica e duas pombas. Aos poucos vão chegando. Para elas as ameixeiras,
as pitangueiras, os butiazeiros, mamoeiros, a amoreira, o araçá, bananeiras, o guabiju,
o abacateiro...
Voltar é um vacilo. Confiro os jornais. Aprovaram a compra
do terreno para a camera de vereadores da minha cidade. Ao redor da praça da matriz, primeiro núcleo urbano. Solicitaram um projeto aos arquitetos... Espero que todos tenham sensibilidade suficiente – e talento – para projetar um predio de acordo com
a vizinhança de casas antigas. Uma arquitetura que não agrida os olhos e a
alma. Mas duvido. Essa colônia pauta por falta de referência. Não será desta
vez que surpreenderia.
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