fevereiro 27, 2013

CAMILLE


‘Como uma das mais atuantes feministas americanas vê o sucesso de “Cinquenta tons de cinza” (Intrínseca) e do filão erótico que pega carona nele? Por que as leitoras fantasiam com um personagem dominador, que controla e sustenta a mocinha? ’

O sucesso estrondoso de “Cinquenta tons de cinza” me lembra o de “História de O” nos anos 1950 e 60. Só que o segundo era mais lido pelos intelectuais, e o atual, pelas massas.
É uma versão mais estilosa dos “Sabrinas” e “Julias” da vida, que atraíam um público de donas de casa e jovens mulheres que normalmente não liam ficção.

Como em “Jane Eyre” ou “O morro dos ventos uivantes”, os personagens masculinos são fortes, viris e poderosos, mas ao mesmo tempo feridos de alguma maneira, e são tirados do sério por uma mulher. Há muita diferença e tensão sexual no ar.

“Cinquenta tons” é uma versão contemporânea disso. O fato de as mulheres fantasiarem com um personagem que gosta de sexo selvagem sugere que o sexo se tornou muito chato.

Depois da revolução sexual na minha geração, o sexo foi banalizado.
Critico o fato de o feminismo não ter preservado as diferenças sexuais, elas tornaram-se turvas. As mulheres e os homens de hoje cresceram com a ideia de que a diferença de gêneros não é real. O que isso gerou, e é óbvio pelo sucesso deste livro, é que as mulheres querem mais eletricidade sexual, querem a diferença de novo.

E no Brasil, o que observa?

Acho mais difícil entender a sexualidade no Brasil. Mas sempre me surpreendo como as mulheres aí são poderosas, além de lindas, elas falam num tom de voz baixo. Já os homens se vestem muito mal, são bonitos quando jovens, mas, aos 40 e 50, se largam, ficam com uma barriga imensa.


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