BONS TEMPOS
Em
2004, no Bistrô Neruda, um médico da minha cidade proferiu um papopalestra.
Entre outras coisas, aos poucos, a distinção entre homens e mulheres
sumiria... disse.
Seremos todos hermafroditas e bissexuais... disse.
Estudos americanos, avançados... disse.
O médico foi embora, a maioria dos ouvintes voltou para suas casas com
inquietas dúvidas. Uns bebuns, porém, continuaram no bistrô tecendo os mais
conceptuais porquês.
Claro,
culparam a água.
Depois
o micro-ondas e suas radiações.
Depois
todas as ondas irradiadas, curtas e
longas, eletromagnéticas, cósmicas,
infras, ultravioletas...
Depois da bomba
atômica, as criaturas não sabem mais o que fazem. Ou o que fizeram.
Então,
no bistrô, o biólogo franzino e bebedor
moderado, sentenciou: é muito ultrassom nas grávidas.
“As
radiações ionizantes não só veem o sexo do bebê, mas acabam afetando o sexo
também. Por isso tantos gays. Há 35 anos que estão nascendo mais gays do que no
passado.”
Está além das minhas capacidades perceber as interpretações entre ciência e a vil humanidade.
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