abril 02, 2018

AMIZADES ACABAM POR CAUSA DE POLÍTICA?


“Não.  As amizades não acabam por política.


Amizade de verdade, com gente boa, não acaba por pensarmos igual, muito menos por pensarmos diferente. Isso nunca.

Não se rompe amizade por causa do número da legenda partidária,
nem por visões distintas da economia,
nem por prioridades políticas diferentes.

O que pode acontecer é descobrirmos que certas pessoas simplesmente não são quem nós pensávamos que eram.

No momento em que nós descobrimos que pessoas que nos cercam
utilizam argumentos racistas, a amizade realmente precisa acabar. 

Quando fica claro que alguns amigos se orgulham do próprio machismo, é preciso deixá-los para trás.

Quando aquele velho conhecido do prédio revela seu discurso homofóbico de ódio, vá embora. 

Quando a amiga da sua mãe disser que pobre não devia ter direito a voto, corte relações.

Piadas com violência sexual.
Ode à ditadura.
Incitação à violência.
Tratar animais melhor do que trata os empregados.
Novas versões do fascismo.
Xenofobia.
Nós não podemos relativizar essas coisas.

A gente precisa se posicionar, por mais dolorido que seja.

As amizades não acabam por causa de política, acabam porque a gente descobre que tem gente que era querida, mas que se revela nojenta.

E quando elas se mostram assim, o afeto pega suas malas vai embora. Porque o afeto não se engana.

Ele sabe que permanecer ao lado delas, conhecendo-as assim,
seria uma nítida forma de compactuar com o ódio, a pequeneza e a miserabilidade dentro da qual residem as piores formas de segregação e violência.

As amizades não acabam por causa de política. Acabam porque a discussão política muitas vezes revela a verdadeira cara de muita gente.

E essas caras não são, nem nunca serão, caras amigas.”

Ruth Manus
advogada, professora universitária e escritora.

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