janeiro 17, 2014

BURNESHAS, AS VIRGENS JURAMENTADAS

Albânia. Maior que o estado de Alagoas. Menos gente mas também tem seu litoral... Pertinho da Grécia, Mesopotâmia, Kosovo. Terra antiguíssima, com gente que viveu antes de Cristo. Metade do povo é cristão, a outra islamita. Já foi otomana, romana, bizantina, turca, italiana, comunista... Toda sua população não chega a de Salvador, na Bahia, sendo que a maioria dos albaneses moram na capital, Tirana. Tudo no wikipedia.
 Leio que no século XV, as mulheres - sem muita opção de independência ou nenhuma- se travestiam de homens. Um crossdresser às avessas que perdura até hoje. Pelo menos em algumas zonas rurais, ao norte do país.
 "Virgem juramentada" é o termo usado para designar uma mulher albanesa que escolheu - escolheu? – em geral precocemente, assumir a identidade masculina na vida. Culpa do código Kanun que afirma serem as mulheres propriedade de seus maridos. Por isso, em uma família sem um patriarca ou herdeiro do sexo masculino, a transformação ou o risco de perder todo o patrimônio.
 As 'burneshas” surgiram para resolver a situação, com todos os direitos e privilégios da população masculina. Elas se  tornaram eles. Cortaram os cabelos, vestiram roupas masculinas, às vezes até mudaram seus nomes, incorporaram gestos masculinos e mais importante de tudo, através do celibato permaneceram castas durante toda a vida.
 Até hoje existem virgens juramentadas, porém mais  modernas e escondidas nas pequenas aldeias dos Alpes albaneses.Uma tradição arcaica cada vez mais visto como obsoleta. Parece que todo mundo aceita. E parece que ninguém tem nada a ver com a opção.
“O mais surpreendente - conta o fotógrafo Jill Peters que revelou em suas imagens as mulheres-homens - é que elas não se arrependem da escolha que fizeram, apesar dos inúmeros sacrifícios pelos quais passam.
 “A liberdade de votar, dirigir, ter um negócio, ganhar dinheiro, beber, fumar, possuir armas ou vestir calças era tradicionalmente da competência exclusiva dos homens. 

As meninas eram comumente forçadas ao matrimônio em casamentos arranjados, muitas vezes com homens muito mais velhos de aldeias distantes. Como alternativa, elas poderiam fazer o voto de virgindade, se tornando “burneshas”, o que elevava a mulher à condição de homem e lhe concedia todos os direitos e os privilégios exclusivos da população masculina”.

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