setembro 30, 2025

MONTEIRO LOBATO CENSURADO

“A polêmica obra de Monteiro Lobato voltou ao debate público porque sua bisneta acaba de lançar uma adaptação de Narizinho Arrebitado, uma das onze histórias que integram o livro Reinações de Narizinho.

A iniciativa atualiza as ilustrações originais, dando à trama uma identidade visual mais próxima ao nosso tempo. 

 

Tia Nastácia, por exemplo, deixa seu habitual figurino para ser representada de turbante, bata e colar de búzios pelos traços de Rafael Sam.



O principal motivo da adaptação de Cleo Monteiro Lobato é fazer com que seu bisavô seja descoberto pelos mais jovens. E assim garantir a permanência das obras. 



Eu amava a Tia Anastácia mais do que a vó Benta. Não assimilei as falas preconceituosas? Eu nem sabia o que era preconceito. E considero Tia Anastácia e a boneca Emília, as personagens mais carismáticas  da coleção do Sítio, lido nas férias em Cruz Alta. 

Revendo algumas páginas, as expressões racistas "saltam"... Mas nunca influenciaram na minha percepção social. Se é que posso escrever assim. 

Narizinho Arrebitado, O Marques de Rabicó, O Pó de Pirlimpimpim, As caçadas de Pedrinho, O Picapau amarelo... Meu primeiro contato com o realismo fantástico se deu com um visconde feito de sabugo, com uma boneca de trapo e um porquinho chamado Rabicó.  

Agora, se é pra falar de racismo e discriminação, o que foi  "Jeca Tatu"?



"O caboclo é o sombrio urupê de pau podre." "O funesto parasita da terra".

José Bento Renato Monteiro Lobato
1882-1948

Conforme o site da Geledés, que analisa a obra do escritor:

“... em 2011 se tornou pública uma carta do escritor enviada a Arthur Neiva, em 10 de abril de 1928 (aos 46 anos), publicada na revista Bravo! (maio de 2011) e reproduzida pela Carta Capital.  

Ali vemos que o criador do Visconde de Sabugosa e de Barnabé defendia a Ku Klux Klan e seus ideais, que envolviam a morte do outro, repugnando-lhe a formação do povo de seu próprio país:

 “País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Kux-Klan (sic), é país perdido para altos destinos […] 

Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca — mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”.


Indefensável, o precursor da literatura infantil brasileira, neto do Visconde de Tremembé, casado com dona Purezina, pai de Marta, Guilherme e Ruth, e morto aos 66 anos.

Será que algum dia caiu em si?

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