O
verso subvertido insubordinou-se e arruinou meu espírito. Se subverter é
revolucionar, nunca foi tão solitário a revolução das perdas. Subverdor? Revolvo
maus baixos instintos de subversão. Canalha. Canalha. Canalha. Uivei, chorei, ranho
na boca. E tu com aquela cara de piedade da minha raiva inútil. Pensei nisso ao
ler André Gorz >>> quem quer ser escritor precisa se isolar, tomar notas a
qualquer hora do dia ou da noite. <<< Pavor da noite. É só me deitar, que o espírito levanta... E foge. Só resta
escrever. Cada noite, mais próxima da morte. Nenhum dilema humano é mais
absoluto do que ela. A nossa própria. Morrer para uns é o fim de tudo. Para
outros, renovação, oportunidade de mudar a sua essência. Olho para minha
jabuticabeira nesse junho quente. Quanta morte já viveu? Todo o ano troca de
pele: as cascas do seu tronco e dos galhos se desprendem. Depois, se enche de
minúsculas flores que se transformarão em frutos. Quanta sabedoria não guarda
essa jabuticaba plantada por minha vó? Subverter é morrer um pouco?

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